O Bispo das Forças Armadas e Forças de Segurança, D. Januário Torgal Ferreira, manifestou o seu “desconsolo diante dos partidos” na sua última crónica semanal, “Ao Compasso do Tempo”. “Repugna-me quem faz da carreira política uma profissão no sentido de ser incapaz ou menos capaz de se realizar numa outra leira. E destes abcessos qualquer corpo pode ser portador”, escreve. D. Januário Torgal Ferreira refere que “numa certa altura pareceu-me pouca ética a ‘independência’ de certas figuras convocadas para a função governamental” e que “é, pela depuração dos acontecimentos e pelos insucessos da vida, que as instituições e os quadros purificam o seu ar e fundam uma melhor escolha”. “Há-de ser com os partidos já instituídos (ou, porventura, a formar), que viveremos o regime da democracia”, constata, para depois lembrar que associações cívicas, momentos de opinião, clubes literários ou de amigos “não desceram (ou subiram) ao terreno do confronto”. Como receita para o próximo confronto eleitoral, o prelado pede aos partidos que se valorizem, “façam auto-crítica (onde vai o conceito e o exercício mental subsequente…?), escolham o bem comum, fujam ao clubismo, assumam ‘posições de Estado’, enquanto não ascendem a obrigações de poder (os trejeitos, esses aprendem-se facilmente, quando se lá chega)”. “A democracia não se esgota nos partidos. Mas o que vem a mais é complemento. Não é sucedâneo nem alternativa”, assinala.
