Desconhecimento prejudica património

Jornadas Europeias são oportunidade para dar mostrar a importância dos bens culturais da Igreja

O desconhecimento e o preconceito são os principais problemas que a Igreja enfrenta em relação ao seu património. No início das Jornadas Europeias do Património 2009, o director do Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja, José António Falcão, considera que “apesar de todo o esforço que tem sido feito, há um longo caminho a percorrer para que a sociedade se aperceba da importância dos bens culturais da Igreja. Enquanto essa batalha não for ganha, ele estará sempre numa situação periclitante”.

O preconceito, por seu lado, está ligado à associação imediata e “redutora” entre património cultural religioso e “imagens de santos” e “objectos utilizados na liturgia”. O seu âmbito é mais alargado, relacionando-se com tradições literárias, culturas e religiões, bem como com a dimensão científica, refere o arquitecto.

“O património é para a Igreja um instrumento indispensável numa pastoral mais alargada da sociedade. Foi essa a sua função ao longo dos séculos, e essa missão mantém-se intacta nos nossos dias”. Apesar da sua relevância, José António Falcão considera que ele está “um bocadinho esquecido”.

A herança patrimonial da Igreja é um dos seus mais importantes testemunhos, em virtude de estar distribuída de forma proporcional em todo o território. O responsável defende que o património expressa identidades regionais, artísticas e sociais diferenciadas. Por outro lado, “continua muito presente no quotidiano das comunidades, ou seja, salvo raras excepções, está vivo”.

José António Falcão pronunciou-se igualmente sobre o estado da Igreja de Mértola: “É um problema muito penalizante, já que ela é dos poucos testemunhos no nosso país da arquitectura islâmica. É uma peça notável, que permite estabelecer pontes com outras épocas, culturas e religiões, testemunhando o encontro entre o Cristianismo e o Islão.”

Trata-se de uma questão que não diz só respeito à diocese de Beja: “O monumento é propriedade do Estado, que, ao abrigo da Concordata, tem responsabilidades inalienáveis”. De acordo com José António Falcão, a Igreja e os organismos estatais têm trabalhado numa “linha de diálogo, espera e confiança” para salvaguardar a igreja, a exemplo do que sucedeu com o património da diocese já recuperado. 

Jornadas Europeias do Património 2009

Diocese do Porto assinala Jornadas Europeias do Património

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top