Desânimo e falta de informação na construção do projecto europeu

D. Amândio Tomás, delegado da CEP junto da COMECE, lamenta que Europa «seja lembrada apenas para pedir subsídios» O desânimo e a crise instalada que os cidadãos enfrentam deve ser um motivo acrescido para a participação eleitoral para o Parlamento Europeu. D. Amândio Tomás, Delegado da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) na Comissão dos Episcopados da Comunidade Europeia (COMECE) explica que o desalento face à crise "por mais justificada que seja", não pode levar ao desinteresse e ao "baixar os braços".

"Cada um tem de fazer o que pode para melhorar a sociedade. Se cada um abdicar, entregamos a meia dúzia que faz o que quer e como quer, sem o nosso envolvimento". O desalento deve ser "uma motivação acrescida para a participação".

O bispo português delegado na COMECE, lamenta que os cidadãos estejam "muito pouco conscientes" da importância da sua participação nas eleições.

A Europa é um projecto que "nasceu entre cristãos e pessoas que quiseram realizar um projecto de sociedade, aberto, dialogante, que reunisse inteligências do passado e acabasse com retaliações e guerras". O projecto europeu nasceu no rescaldo de duas guerras mundiais. D. Amândio aponta um projecto "cristão de homens cristãos" que apostaram em valores como "a dignidade humana, o bem-comum, a solidariedade, o progresso e da partilha".

"Os cristãos portugueses, assim como todos os europeus, deveriam envolver-se activamente na construção deste projecto comum". Ao invés, o bispo delegado, lamenta que "só se pense na Europa quando se pedem subsídios, que depois são mal aplicados".

Cabe aos cidadãos "optarem pelas melhores soluções para a construção de um projecto europeu de paz e comunhão reciproca".

A campanha oficial para as eleições europeias começou esta Segunda-feira, dia 25, e vai estar em marcha até ao dia 5 de Junho.

Sobre a diversidade dos candidatos – 13 no total – D. Amândio aponta que poderá ser um factor de "fragmentação de atenções e de votos". Mas, indica, o importante é que os "cidadãos em geral, e os cristãos em particular, estudem as questões, reflectissem sobre elas e sobre o que  desejam para a Europa. E ajam em conformidade". Mas para isso, as propostas têm de chagar às pessoas. E o bispo delegado lamenta que "cheguem pouco".

Assiste-se a "um espectáculo de contraposições pessoais e assuntos acidentais", sem incidir na mensagem "sobre o projecto, como se desenvolve, o que ele pretende" para que os cidadãos "fiquem com uma ideia clara do que pretendem e é proposto".

O bispo delgado na COMECE lamenta a "simples conquista de poder" e falar-se "pouco dos valores". "Vejo valores muito ausentes".

D. Amândio pede que as propostas tenham em conta os valores fundamentais, que a sociedade europeia colheu nas suas origens cristãs. "Os valores da dignidade humana que nortearam os construtores do projecto europeu, parecem esquecidos, mas continuam tão actuais como há 50 anos atrás".

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