Em Fátima, mais de sete mil pessoas quiseram ouvir os reptos colocados por Bento XVI nas horas concretas de crise generalizada
No dossier da Agência ECCLESIA desta semana fixamos a análise nas palavras do Papa dirigidas a mulheres e homens que trabalham nas organizações de Pastoral Social da Igreja Católica.
Em Fátima, na tarde do dia 13 de Maio, mais de sete mil pessoas quiseram ouvir os reptos colocados por Bento XVI nas horas concretas de crise generalizada, que além de económica e financeira, é também cultural e espiritual.
O Papa desafiou os que têm por prioridade atender às necessidades dos outros a fazê-lo tendo em conta a identidade católica. Tanto pessoal como institucionalmente.
D. Carlos Azevedo, coordenador geral da visita de Bento XVI a Portugal, é o presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social. Nessa qualidade, esteve particularmente atento à alocução que o Papa proferiu no encontro com representantes de entidades ligadas ao apoio aos mais carenciados.
No parecer do prelado, este foi o discurso “mais concreto” que Bento XVI proferiu em Portugal e, por isso, “vai-nos obrigar a reflectir e a repensar”, dada “a situação social e económica do país” e o “carácter objectivo” da mensagem, referiu à ECCLESIA.
Alguns responsáveis por esta frente da acção da Igreja Católica analisam, neste dossier, a forma de concretizar as linhas de acção apontadas por Bento XVI.
O presidente da Cáritas, Eugénio Fonseca, recorda a atitude do “bom samaritano” como aquela que urge contagiar em toda a acção da Igreja.
Lino Maia, presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade, sublinhou a identidade católica das organizações sociais, reclamada pelo Papa, e refere os perigos da institucionalização do serviço que prestam.
Para Acácio Catarino, há “duas graves lacunas, muito antigas entre nós”: o “diálogo social no interior da Igreja” e o “diálogo de intervenção nas diferentes estruturas da ordem terrestre”.
A superação de uma Pastoral Social marcada pelo assistencialismo é, no entender de José Dias da Silva, uma das notas fundamentais do pensamento de Bento XVI, que pretende estender o conceito de caridade ao bem comum e à justiça, “um salto que muitos católicos têm dificuldade e até receio de dar”.