Rápido crescimento da Igreja no continente foi acompanhado pela fragmentação profunda entre os cristãos, afirmou D. Walter Kasper
As dificuldades do diálogo ecuménico em África devem ser enfrentadas com a autocrítica da Igreja Católica, afirmou o presidente do Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos.
Na sua alocução perante a assembleia do Sínodo dos Bispos para a África, D. Walter Kasper defendeu que é preciso questionar os erros e as carências que provocam a passagem de muitos cristãos para outros grupos: “De que é que eles sentem falta? O que procuram noutros lugares?” – questionou. A resposta a estes abandonos poderá passar pela “formação catequética ecuménica” e pela “construção de pequenas comunidades” no interior das paróquias, sugeriu.
O catolicismo mantém o diálogo ecuménico no âmbito do Global Christian Forum; mas fora deste Organismo, as conversações com as inúmeras e novas Igrejas independentes e seitas não são fáceis, sendo frequentemente impossíveis “por causa da sua agressividade” e do seu “escasso conhecimento teológico”, declarou o cardeal alemão.
Desafios e compromissos
A Igreja Católica em África manteve tradicionalmente o diálogo com os protestantes. Perante a recente e rápida difusão das comunidades ortodoxas, é fundamental estabelecer com elas relações igualmente positivas.
Segundo o responsável da Cúria Romana, as “expressões indígenas” e as “afinidades” dos movimentos evangélicos, carismáticos e pentecostais com o mundo tradicional africano constituem elementos impulsionadores do diálogo ecuménico, que deve ter em conta as expressões culturais do continente.
A busca da unidade na verdade e no amor, que não pode prescindir da acção do Espírito Santo, deverá ser acompanhada “por gestos concretos de conversão, que movam as consciências e favoreçam a cura das recordações e das relações”, indicou D. Walter Kasper.
“A renovação da vida interior” no coração e na mente “é o ponto crucial de todo o diálogo e reconciliação”, concluiu.