Derrubar os muros da doença mental

Terminou hoje o congresso «Pessoas e Sintomas» Como a sociedade portuguesa esquece os doentes mentais e a Psiquiatria tem sido “o parente pobre na área da Medicina” realizou-se um congresso sobre «Pessoas e Sintomas» – uma iniciativa conjunta da Casa de Saúde S. João de Deus, em Barcelos, e do Curso de Psicologia da Faculdade de Filosofia de Braga – de 16 de Novembro a hoje (18 de Novembro), em Braga e Barcelos. “Há uma tendência estigmatizante em que colocamos o louco – aquele que é diferente de nós – nas instituições e alheamo-nos dele” – disse à Agência ECCLESIA Zeferino Ribeiro, Director Clínico da Casa de Saúde de S. João de Deus, em Barcelos Com o intuito de lutar contra esta corrente, a Ordem Hospitaleira tem trabalho feito no terreno que “visa integrar os doentes na comunidade e envolver as famílias neste processo terapêutico” – realçou. As iniciativas como o «Pessoas e Sintomas» são fundamentais para “ajudarmos a des-estigmatizar ou conseguirmos derrubar os muros da Casa de Saúde”. Convencer as entidades patronais que estes doentes – quando recuperados – poderão voltar ao mercado de trabalho é “algo muito difícil” porque “normalmente requer ocupações que sejam protegidas”. O grau de exigência “não pode ser muito grande”. E acrescenta: “Há 20 anos atrás a taxa de desemprego dos doentes com perturbações esquizofrénicas é semelhante à taxa de desemprego actual da população geral” – realça Zeferino Ribeiro. A Ordem Hospitaleira de S. João de Deus está a celebrar os 400 anos em Portugal. Estas comemorações servem também para recordar o papel destas instituições porque a filosofia delas baseia-se neste prisma: “os pobres, doentes mentais e excluídos merecem mais atenção”. Números reais sobre esta doença não existem até porque a “doença mental transformou-se quase numa moda”. E acrescenta: “temos os doentes psiquiátricos graves (como os que estão internados na nossa instituição) mas há também uma vulgarização de pessoas que procuram ajuda por quadros neuróticos” – disse o director clínico. No encerramento deste congresso inaugurou-se também uma exposição colectiva de pintura feita por pessoas que sofrem destas patologias mas com “reconhecidos méritos no meio artístico”. A descoberta desta vocação para «misturar tintas» e nascerem obras de arte não nasceu na instituição mas já faziam da pintura o seu modo de vida. Durante o congresso foi lançada também a revista «Pessoas e Sintomas».

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