Depois do referendo, pela Vida

D. Ilídio Leandro anunciou, como prometera, acções concreta de apoio à vida na Diocese de Viseu: uma Fundação para acolher mães e crianças em risco NOTA PASTORAL Plano Pastoral da Diocese de Viseu: 2006 – 2007 Avaliação da 1ª Fase: Vocação à Vida 1. Estamos a viver um Plano Pastoral muito intenso na nossa Diocese, neste ano 2006-2007, com um tema particularmente actual – Vocações na Igreja. Termina agora a primeira fase – Vocação à Vida – coincidindo, em grande parte, com toda uma reflexão feita pela sociedade portuguesa sobre o valor e sentido da Vida, tema fundamental do referendo, hoje realizado. 2. Esta primeira fase, sobretudo na reflexão à volta do referendo, trouxe muitos consensos: a vida intra-uterina é vida humana e existe desde o início da concepção; o aborto é um mal a condenar e a procurar eliminar; o aborto nunca é solução e nunca pode ser visto como método contraceptivo; importa eliminar as causas do aborto para que a vida possa ser aceite, com alegria e como um bem a defender, a promover e a valorizar. 3. Depois dos resultados obtidos (apesar da grande abstenção) e da reflexão que exigem, importa que todos – particulares, grupos cívicos, instituições, sociedade e estado – sejamos coerentes com a criação das condições que permitam salvaguardar os valores fundamentais: a vida das mães e a vida dos filhos; a qualidade de vida de todos – grávidas e crianças nascidas e a nascer, em todo o seu desenvolvimento – a começar pelos que estão em situação mais difícil. Isto corresponde ao assumir das responsabilidades inerentes ao que se defendeu, preparando um futuro melhor e investindo já o possível. 4. Quero felicitar o empenho de toda a Diocese que, através dos seus órgãos paroquiais, arciprestais, de zona e diocesanos, tudo fizeram para esclarecer a consciência de todos, no entendimento dos valores fundamentais, em causa neste referendo. Uma palavra de simpatia e de louvor por toda a acção desenvolvida pelo grupo cívico ADAVViseu. 5. A Diocese de Viseu, em coerência com o que sente ser sua vocação e sua missão, vai iniciar a construção de uma Obra para apoiar as situações mais difíceis, quer relativas às Mães quer às crianças em risco. Esta decisão foi tomada pelo Conselho Presbiteral da Diocese, no passado dia 5 de Fevereiro e a Diocese associará a esta Obra: a Fundação Diocesana D. José da Cruz Moreira Pinto, o Secretariado Diocesano da Família, a Paróquia do Sátão, a Caritas Diocesana e outras instituições e pede, também, a colaboração e participação da sociedade civil, através do Grupo Cívico ADAVViseu que participou na campanha pela Vida. Para coordenar este projecto é nomeado o Ecónomo da Diocese. 6. Um primeiro gesto de participação de todos os diocesanos, para uma Obra que quer ser de toda a Diocese, a favor da Vida e das Pessoas com mais dificuldades, no âmbito da Maternidade e das Crianças, nas primeiras etapas do seu desenvolvimento, é a afectação a esta Obra da Renúncia Quaresmal deste ano 2007. Conta-se com a generosidade de todos a favor desta causa. 2ª Fase: Vocação ao Amor 1. A Vida é, em si mesma, relação, comunicação, doação e entrega ao serviço dos outros. A Vida realiza-se e plenifica-se, amando e servindo as grandes causas da Vida, nas pessoas concretas, a começar pelas mais pequenas, mais pobres, mais frágeis, mais inocentes. O Amor é olhar o outro, qualquer outro, como alguém que merece a nossa estima, a nossa existência, a nossa entrega, tornando-o feliz e destinatário da nossa alegria e das nossas melhores acções. O amor leva-nos a viver com os outros, pelos outros e para os outros. O amor tem o modelo, a referência e expoente máximos em Jesus Cristo que amou e ama de tal modo que dá a vida por aqueles que ama. 2. A vocação à Vida supõe e realiza-se na Vocação ao Amor, pois a resposta à vocação “soma” sempre e nunca “diminui” algo a alguém… A vocação como resposta a Deus que chama e vivida em qualquer dos caminhos é, sempre, em ordem a andar com alguém, a ir a alguém e a anunciar uma boa nova a alguém… Supõe sempre um convite e um chamamento ao Amor, vividos na relação de proximidade e de amizade com alguém. Por isso, a vocação ao Amor supõe e exige, sempre, uma consagração de toda a pessoa e em toda a vida: nos casados, uma consagração à pessoa do marido/esposa, na família; nos celibatários, uma consagração a Deus, pelo Reino dos Céus, para e com os irmãos. Se a vocação não é entendida como vocação ao Amor, numa entrega e doação totais a alguém, essa vocação não realiza a pessoa, mas, depois de a entusiasmar por algum tempo, deixa-a vazia, frustrada, estéril e infeliz. 3. A vocação ao Amor é, sempre, em primeiro lugar, semear a Vida, dando-se para que o outro – qualquer outro – nasça, cresça, viva e seja feliz. O modelo continua a ser Jesus Cristo que, na Igreja e na Eucaristia, renova o Seu Mistério Pascal para que tenhamos vida e vida em abundância (cf Jo 10, 10). Somos chamados a entrar nos movimentos e dinamismos do amor pascal, no amor eucarístico, celebrando a ágape e realizando a felicidade em comunhão (cf Deus é Amor, 7). 4. Quem vive esta vocação ao Amor, nunca usa o outro; nunca subalterniza o outro; nunca esquece o outro… Ao contrário, põe o outro sempre em primeiro lugar; escuta e adivinha o outro no seu próprio coração; vive de tal modo que o outro viva feliz; ama o outro como a si mesmo; tem consciência que não é feliz se não dá lugar ao outro para que seja feliz também (cf Plano Pastoral, pp. 9-11). Precisamos todos, em qualquer vocação – casados, sacerdotes e consagrados, jovens e adultos – precisamos de inventar formas novas e concretas de amar, vivendo a “fantasia do amor”. Precisamos de viver a vocação pessoal como caminho de felicidade que seja sinal de amor para todos. 5. A Páscoa de Jesus Cristo, a preparar ao longo de toda a Quaresma, é a luz que dá sentido à nossa vocação, à Vida e ao Amor. Se a Igreja é o Povo da Vida e se nós somos pela Vida, esta somente tem sentido se é vivida no Amor e se estamos ao serviço do Amor, para que todos nos conheçam e nos identifiquem como discípulos de Jesus, Aquele que veio, não para ser servido, mas para servir e dar a vida por todos nós (cf Jo 15, 12-17). 6. Entrego esta 2ª fase do nosso Plano Pastoral a Maria, Aquela que, junto à Cruz, entendeu a Páscoa como a entrega do Filho de Deus por amor e para a vida de todos os homens. Para todos, uma Boa, Santa e Feliz Páscoa! VISEU, 11 de Fevereiro de 2007, Festa de Nossa Senhora de Lourdes. Ilídio Pinto Leandro Bispo de Viseu

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