Declaração dos Provinciais Jesuítas da Europa sobre a imigração forçada/involuntária

A Conferência Europeia dos Provinciais Jesuítas, que teve a sua Assembleia Geral em Malta, de 18 a 20 de Outubro, chama a atenção de todos os países europeus para a contínua tragédia humana dos imigrantes forçados, provenientes de África, que atravessam o Mar Mediterrâneo em busca de protecção internacional e da hipótese de construir um futuro com dignidade. A questão da imigração é uma prioridade para a Companhia de Jesus em todo o mundo. Na Europa, o JRS tem 20 gabinetes nacionais e um gabinete regional em Bruxelas. Muitos jesuítas trabalham ligados à integração de imigrantes nas sociedades europeias.

A crescente inacessibilidade da Europa a pessoas que necessitam de protecção com urgência obriga milhares de homens, mulheres e crianças a pôr a sua vida em risco em travessias do mar Mediterrâneo em pequenas e frágeis embarcações, com frequentes consequências trágicas. Todos os anos, várias centenas de pessoas a caminho da Europa, em busca de asilo, chegam a Malta ou precisam de ser resgatadas e são levadas para lá. Excepto os casos mais vulneráveis e desesperados, estas pessoas são detidas, em condições que agravam o sofrimento. Se vierem a beneficiar de protecção internacional, vão defrontar-se com dificuldades indizíveis, de sobrelotação da capacidade muito limitada de Malta os receber e da escassez de oportunidades de emprego.

Nós, Provinciais Jesuítas, defendemos que este problema humanitário não pode ser resolvido somente em Malta, ou mesmo pelos estados das fronteiras sul da União Europeia. É um assunto que requer intervenção urgente por parte de toda a União Europeia.

Por isto instamos os estados mais directamente relacionados, e também a União Europeia, a tornar o asilo na Europa mais acessível e a actuar de forma mais justa e humana com os imigrantes que chegam às nossas costas. Esta tragédia, com as suas raízes em países do vizinho continente africano, continua a alastrar, pelo que fazemos um triplo apelo aos nossos governos e à União Europeia: – prestar solidariedade efectiva às pessoas que carecem urgentemente de protecção; – partilhar com os estados fronteiriços sobrecarregados a responsabilidade das nossas obrigações relativamente aos direitos humanos; – estreitar parcerias com os estados africanos, de forma a criar novas oportunidades para as suas populações terem uma vida digna.

Do mesmo modo, é um desafio para toda a sociedade europeia confrontar o medo e a xenofobia que por vezes está na base da total oposição às reclamações dos imigrantes.

A Assembleia representa cerca de 5900 jesuítas e os seus colaboradores, que trabalham em vinte e três estados-membro da União Europeia, assim como na Rússia, Ucrânia, Croácia, Suíça, Balcãs ocidentais, Médio-Oriente e Magrebe.

Malta, 20 de Outubro de 2009

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