José Luís Nunes Martins
A nossa existência é semelhante a uma longa viagem através de mares muitas vezes revoltos. Brisas suaves e ventos fortes alternam-se. Embora quase nunca consigamos prever quando acaba o que está e chega o que virá.
Esperamos a paz no meio da tormenta, mas quase nunca nos damos conta de que os tempos de bonança também acabam, mais cedo ou mais tarde.
Navegar por entre tempestades exige que levemos pouco connosco, para que não percamos muito e nos julguemos perdidos por causa disso. Tudo passa, o que mais importa saber é o que resta no final de cada capítulo.
Devíamos valorizar sempre quem fica connosco nos piores momentos, aqueles que não nos abandonam quando caímos, que nos ajudam a ficar de pé e a sair dos temporais. Quase todos afastam-se com subtileza depois, afinal, como não são necessários, nem precisam do nosso agradecimento, ou vão ajudar outros ou… voltam (tantas vezes sozinhos) às tempestades das suas vidas.
Alcançar a felicidade exige arriscar o fracasso, mas muitos preferem não tentar. Por outro lado, outros, com fé, conhecem a certeza de que não há comparação entre o que se perde por fracassar e aquilo que se perde por não tentar.
Muitas vezes, as tempestades estão dentro de nós e é a nossa alma que é chamada a sobreviver ao que não temos vontade de lhe fazer… mas fazemos.
Mas a alma, como o amor, resiste a tudo, pode até nem se reconhecer depois de ter passado a tempestade, chega até a não se lembrar do que se passou, por vezes nem sequer está segura de que já seja tempo de paz… No entanto, há algo de muito valioso em qualquer tempestade: confere sentido à nossa vida, aperfeiçoam-nos, ainda que julguemos que é tudo ao contrário disso.
Amar faz de nós melhores. Sempre.
O amor tem a leveza da brisa e a força da tempestade. Dá-nos conforto no meio da tormenta e mantém-nos longe da desgraça face às mudanças violentas.
Tudo passa, só o amor é que não tem fim!
(Os artigos de opinião publicados na secção ‘Opinião’ e ‘Rubricas’ do portal da Agência Ecclesia são da responsabilidade de quem os assina e vinculam apenas os seus autores.)