Ana Quintas diz que cresceu com a consciência do cuidado. As brincadeiras com a mala de médica ditavam-lhe o caminho, até que descobriu que «queria ser médica a fazer o que os enfermeiros faziam».
Anos depois, foi na área dos Cuidados Continuados e Paliativos que confirmou sentir-se enfermeira por inteiro, num cuidado holístico que não realiza sozinha. Ana assume ser um privilégio acompanhar pacientes, familiares e pessoas, estar presente para confortar mas também para integrar sentimentos e, assiduamente, estados e emoções não percecionados fisicamente.
Por sentir que o momento da morte pode ser tão importante como momento do nascimento, Ana Quintas está a formar-se para ser ‘doula de fim de vida’, procurando oferecer um acompanhamento sem hora marcada para estar e escutar. Ser ‘mulher que serve o outro em fim de vida’ é alguém que reconhece a fisiologia do processo e ajuda o outro a reconhecê-lo também, trazendo tranquilidade e serenidade.
Ana Quintas ainda não tem 30 anos mas dá a mão e abraçaquem morre. Se as suas mãos servem para cuidar, é também pelas palavras que escreve que se encontra, e encontra os outros, que persegue sentido para a sua vida e procura partilhar o que vive. A enfermeira é também autora do livroinfantil «A sabedoria da árvore» onde conta como a morte é um processo natural da vida.