Falar de “imigração e sem abrigo significa reivindicar direitos e deveres que também são deles e não apenas de quem é chamado cidadão normal” – disse à Agência ECCLESIA Henrique Pinto, director da Revista CAIS, durante o II Congresso da CAIS, de 21 a 22 de Março, na Fundação Luso – Americana, em Lisboa, e que foi subordinado ao tema “Imigração e sem abrigo”. E adianta ainda que os valores da “solidariedade, igualdade, fraternidade são urgentes na sociedade de hoje”. Uma questão de “educação para a diferença”, a “começar nas escolas”, e até para uma “cultura de subversão”, no sentido de que os critérios de controle de imigração “não devem predominar mas sim cultivar os valores do acolhimento” – afirmou Henrique Pinto. Por sua vez o Pe. Rui Pedro, um dos oradores, salientou que as causas da crescente presença de estrangeiros na rua passa “pela ambiguidade e cumplicidade da legislação portuguesa”; “dificuldades de acesso à habitação”; “salários baixos”, ilegalidades do empregador” e “regime de poupança que muitos vivem, com o intuito de mandar remessas monetárias para o seu país”. A solidariedade deve predominar e “não um sistema calculista” baseado sobretudo nos “ganhos que se possa ter com este tipo de população” – verificou o director da CAIS. Os números são revela-dores, a população “dos sem abrigo tem aumentado” dadas as dificuldades económicas e também “o desemprego que está nos 6,2%”. Para estes, a “rua é um ponto extremo da vivência humana”. Por isso, a “CAIS e outras instituições estão a tentar recuperá-las porque notamos que há ali um potencial enorme”. Um trabalho de alerta constante que a CAIS tem feito onde procura conduzir estas pessoas para o mundo do trabalho. “Estes sem abrigo vendendo a revista têm um trabalho e acesso a Euros imediatos que lhes permite procurar outro tipo de trabalho e satisfazer as necessidades primárias” – referiu Henrique Pinto. Para além destes benefícios momentâneos, a venda desta revista “reduz o crime”, “retira as pessoas do isolamento porque as obriga a dialogar” e “a ganharem hábitos de higiene”. No meio desta fragilidade humana, “temos conseguido trazer pessoas da noite para a luz do dia”. E avança: “a CAIS serve de tábua de salvação para muitos imigrantes que têm dificuldades em arranjar trabalho”.
