O livro do Bispo Emérito do Funchal, D. Teodoro de Faria, «Paulo, de Jerusalém a Roma» foi lançado, dia 25 deste mês, é composto por uma recolha de 74 artigos editados pelo autor no suplemento Pedras Vivas do Jornal da Madeira, entre 2008 e 2009 seguindo o livro dos Actos dos Apóstolos e relacionando-os com as Cartas Paulinas.
No acto, não esteve presente o Bispo do Funchal, D. António Carrilho, devido a estar a benzer nessa mesma hora a Capela das Almas, em Câmara de Lobos tendo endereçado uma carta a D. Teodoro, nesse sentido.
Em 2009 assinalou-se os dois mil anos do nascimento de São Paulo, um cidadão romano que deverá ter nascido por volta do ano 10 d.C devendo ter sido martirizado no ano 68 a mando de Nero, juntamente com Pedro.
Aproveitou o Ano Paulino para falar aos cristãos de São Paulo e começou a escrever alguns artigos tendo continuado a pedido dos fiéis, os quais foram complilados neste livro.
Mensagem de São Paulo continua actual
D. Teodoro de Faria optou por escrever sobre São Paulo porque “é um astro de uma grandeza única da Igreja pela doutrina que nos dá e, ao mesmo tempo, ver como é que ele, um perseguidor da Igreja, recebendo a graça de Cristo, se transforma no primeiro evangelizador do seu tempo”, explicou.
O Bispo Emérito considera que a mensagem de “São Paulo continua sempre actual” tendo reiterado que “nenhum como ele, talvez na Bíblia, soube transmitir a mensagem cristã que foi escrita na forma hebraica em termos científicos e depois transferida para o mundo grego/romano em linguagem científica e adaptá-la aos seus tempos”.
Segundo adiantou, “as frases de São Paulo estão na base dos direitos humanos, em tempos de grandes divisões em que os judeus não suportavam os outros povos, em que os gregos se julgavam superiores a todos os outros, em que a mulher era muito desprezada, o homem era quem valia e em que o escravo não tinha alma e era vendido no mercado sem que nenhum filósofo se revoltasse contra isso”.
São Paulo seguia o princípio de que “em Jesus Cristo não há judeu nem grego, não há homem livre nem escravo, não há homem nem mulher”.
Esta “frase vai desestabilizar todo o mundo” de maneira que ainda hoje “não se pode dizê-la em alguns países, principalmente, a do homem e da mulher, daí que a mulher deve estar muito agradecida pela forma como São Paulo se serviu dela no seu tempo, na sua evangelização, embora às vezes tenha expressões que parecem contra ela mas não são”. Como exemplo, apontou que a maior e mais profunda carta de São Paulo aos Romanos foi entregue a uma senhora para ela se encarregar de a dizer.
Mas “o que São Paulo escreveu não eram só pensamentos seus, era inspirado por Deus para dar-nos esta mensagem que se pode adaptar em todos os tempos” sendo “uma forma dos católicos conhecerem o rosto dos cristãos dos primeiros séculos”.
Escravatura da mulher persiste e preocupa D. Teodoro
Segundo o autor, São Paulo vai acabar por demonstrar que “aquilo que constitue o homem grande e valioso não é só a cultura, é a sua própria pessoa porque tem a marca de Deus, o que vai fazer com que seja respeitado em todos os tempos e na condição em que ele estiver”.
D. Teodoro mostra-se, também, bastante preocupado com um dos flagelos do nosso tempo. “Hoje há a escravatura da pior que é a escravatura da mulher, a escravatura branca e a escravatura da prostituição, basta ver o que aparece de vez em quando nos jornais”, lamentou.
No decorrer da apresentação do livro, D. Maurílio de Gouveia enalteceu a obra e o escritor, afirmando que D. Teodoro tem uma “capacidade de tornar simples o que é difícil, evidencia competência nas ciências teológicas” tendo reiterado que o livro encerra “um texto rigoroso e acessível, quase jornalístico”.
Ao recordar uma viagem que fez pelo Médio Oriente durante a qual visitou os lugares sagrados tendo como guia o Bispo Emérito do Funchal apontou que é preciso “percorrer os caminhos de São Paulo para conhecer os caminhos da vida”. Cada vez mais, advertiu, “é necessário ir às origens do Cristianismo num mundo onde impera a superficialidade”.
Maria Eliete Duarte, directora das Edições Paulinas explicou o interesse em compilar em livro os artigos de D. Teodoro pelo seu “empenhado interesse pelas coisas da Terra Santa e do Médio Oriente onde quase se pode identificar as pegadas dos primeiros cristãos”.