D. Serafim Ferreira e Silva defende um novo concílio

O bispo emérito da Diocese de Leiria-Fátima, D. Serafim Ferreira e Silva, assume-se como defensor de um “novo concílio” nos próximos tempos e deseja também que “haja uma renovação permanente da Igreja que é a mesma, mas que tem de se contextualizar no espaço e no tempo”.

O bispo emérito da Diocese de Leiria-Fátima, D. Serafim Ferreira e Silva, assume-se como defensor de um “novo concílio” nos próximos tempos e deseja também que “haja uma renovação permanente da Igreja que é a mesma, mas que tem de se contextualizar no espaço e no tempo”.

A mensagem que o II Concílio do Vaticano trouxe ao mundo e à Igreja “não está esgotada” porque “ultrapassa o tempo para fora do tempo”, mas aconselha a uma “renovação, visto que há culturas diferentes”, sublinhou.

Ordenado sacerdote em julho de 1954, D. Serafim Ferreira e Silva estudou também em Roma (Itália) e acompanhou “todo o percurso do pré-concílio, durante o concílio e pós-concílio” e acrescenta que até escreveu “alguns artigos” e “um livro” sobre este acontecimento da Igreja.

Ao recordar estes tempos e os “50 anos desta caminhada” – o prelado – nascido em junho de 1930 e natural da Diocese do Porto (Maia) – realça que pede “a Deus que haja – não apressadamente, mas sem demora – um novo concílio”. No entanto, acrescenta o bispo emérito de Leiria-Fátima, o espírito conciliar deve “permanecer e desenvolver”.

No início do II Concílio do Vaticano (outubro de 1962), Portugal vivia numa “ditadura”, “com falta de liberdade”, “muita censura” e com “grande atividade da Polícia chamada PIDE”, disse à Agência ECCLESIA.

Quando se deu a abertura do II Concílio do Vaticano (11 de outubro de 1962), o bispo emérito estava em Portugal, mas foi a Roma – onde se encontrava o então bispo do Porto, D. António Ferreira Gomes –, tendo “a honra de entrar na aula conciliar”. E adianta que viveu “intensamente” este acontecimento convocado pelo Papa João XXIII.

No diálogo que teve com D. António Ferreira Gomes (na altura exilado em Espanha), D. Serafim Ferreira e Silva recorda os “diálogos e as notícias dadas” pelo bispo do Porto.

O prelado – recebeu a ordenação episcopal em 1979, na Basílica do Sameiro (Braga) – confidenciou à Agência ECCLESIA que lhe apresentou “alguns votos” e ele foi “cumpridor” dos seus desejos, mas “era umaunidade no meio de uma pluralidade”.

D. Sebastião Soares de Resende (bispo da Beira – Moçambique) e D. António Ferreira Gomes (bispo do Porto, mas exilado) foram os bispos portugueses que tiveram intervenções na primeira sessão do II Concílio do Vaticano que “marcaram a palavra pelo magistério”.

D. Serafim Ferreira e Silva sublinha que o “mais fácil de fazer foi colocar em prática as alterações litúrgicas” e “as alterações canónicas”. Ao nível das dificuldades, o prelado cita a “adaptação bíblica da «Verbum Dei», uma constituição que mantém toda a atualidade”, enquanto outros textos “envelheceram”.

Para o prelado, “a «Gaudium et Spes», o documento sobre as comunicações sociais e a «Sacrosanctum Concilium» precisam de ser novamente reescritos”, visto que “o mundo se alterou muito”.

LFS

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