D. Manuel Martins homenageado em Setúbal

D. Manuel Martins homenageado hoje na Escola homónima em Setúbal, aceita o desafio de se manter presente e acutilante Foi com surpresa que o Bispo emérito de Setúbal recebeu a homenagem na Escola D. Manuel Martins. Contava apenas com a celebração das Bodas de Prata da instituição mas “há poucos dias atrás é que percebi que a celebração aconteceria na mesma data de aniversário episcopal, e que iriam converter a minha presença numa homenagem”, aponta o Bispo emérito à Agência ECCLESIA. Teria optado por uma participação mais discreta, pois “sinto-me desafiado a mais pelas palavras que me dirigiram”. D. Manuel Martins refuta a homenagem à sua pessoa, opta antes “pelo significado do que sou, enquanto bispo da Igreja”, esclarece. Um homem da Igreja que “acredita em Deus, e que por isso acredita também no homem, na sua dignidade e na defesa das agressões que a sociedade manifesta contra ele”. Por isso, assume esta homenagem como uma exigência maior. “Toda a minha vida, que deve ser à partida, um «cântico de amor à Igreja», deve assumir este desafio”, mais presente agora “porque tenho muitos alunos com os olhos postos em mim”. Toda a sua vida “consciente e sacerdotal” se norteou pelo lema de “defender e promover a dignidade do homem”. Questões pelas quais se debateu quando bispo residente em Setúbal e que considera ser prementes para a Igreja. Pelo compromisso que assume, afirma não se demitir de falar “enquanto for vivo e enquanto sentir as exigências da fé”. Mais agora “pois enquanto bispo emérito fica mais evidente a minha dimensão universal”. Nesse sentido, “tenho de continuar com esta mensagem pois, por esta intervenção passa a Igreja”. D. Manuel Martins afirma que a conjectura actual da sociedade dá um maior impulso à participação. “As razões que eu tinha em Setúbal para defender os direitos fundamentais da pessoa humana, no trabalho, salário, habitação e valores fundamentais que tornam o homem feliz, infelizmente ainda persistem e algumas estão ainda acentuadas”. “Não estamos na melhor situação em Portugal e esta situação não se deve a conjecturas mundiais, mas também a determinadas deficiências e distracções de quem nos governa”, aponta. O Presidente da Cáritas Portuguesa, Eugénio Fonseca, também presente na cerimónia, referiu-se ao Bispo emérito como “o meu pai na fé”. Numa reflexão que intitulou de “D. Manuel Martins, um profeta da esperança”, Eugénio Fonseca recorda a nomeação para Setúbal, numa altura em que se vivia “um ambiente febril sob o ponto de vista político com uma tonalidade predominantemente materialista, e sob o ponto de vista religioso falava-se de 3 ou 4 por cento de frequência das nossas igrejas. E foi o homem certo, na hora certa”. “Sem ideias de «grandeza» episcopal, alojando-se humildemente numa casa velha, metendo conversa com quem encontrava – misturou-se com o povo simples da cidade e aos cristãos começou a lembrar que era sua obrigação, para além dos preceitos litúrgicos, serem exemplos vivos do Deus- Amor, do Deus – Serviço”. “A sua preocupação por mostrar ao mundo o rosto de um Deus humano e amigo dos homens levou-o, com o seu à vontade a passear pelas ruas e, fundamentalmente a aparecer junto dos pobres e dos sem abrigo, indo partilhar as angústias dos operários nesta ou naquela fábrica com problemas e ameaças de despedimentos, dando um exemplo de solidariedade e compreensão. Criou fundos de auxílio e empenhou-se junto dos poderes constituídos pedindo ajudas e denunciando problemas que muitos teimavam em olhar de soslaio”, recorda o Presidente da Cáritas, relembrando que durante os tempos de forte crise económica das gentes de Setúbal, “os seus diocesanos encontraram nele o arauto da denúncia dos graves e nefastos problemas que os afectavam, exigindo dos poderes instituídos medidas de emergência. “D. Manuel Martins veio trazer aos cristãos de Setúbal um conceito de cristianismo activo, de rua, de preocupação permanente com os seus irmãos pobres e excluídos, veio trazer uma aragem renovadora de esperança de que a Fé não era uma palavra vã”. D. Manuel Martins apontou que se sentou tocado e feliz “mas incomodado, porque me lembrou factos que já tinha esquecido e deu valor a acções minhas que considerei inerentes à minha missão”, frisou.

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