D. Manuel Martins homenageado em Gaia

«Quem era eu e quem poderia ter sido se não fosse Setúbal?»

D. Manuel Martins, antigo bispo de Setúbal, recebeu o título de Cidadão Honorário de Gaia, numa cerimónia que decorreu a 29 de Junho, Dia da Cidade, com a presença do presidente do Município, Luís Filipe Menezes.

O reconhecimento reforça a notoriedade que o prelado tem no concelho, depois de o seu nome ter sido dado a um empreendimento social em Oliveira do Douro, freguesia em que se destacou enquanto director da Obra do Padre Luís.

“Vejo-me mais homenageado nas pessoas a quem me dei, porque foi por causa delas que me concederam este título”, disse à Agência ECCLESIA o bispo emérito, actualmente com 83 anos.

“Já aconteceu assim com a Grã-Cruz da Ordem de Cristo”, afirmou D. Manuel Martins, referindo-se à distinção concedida em 2007 por Cavaco Silva: “Quem é que a teve? Foi o povo, que fez o bispo” – uma alusão ao período de 1975 a 1998, durante o qual esteve à frente dos destinos da diocese de Setúbal, de que foi o primeiro prelado.

“Quem era eu e quem poderia ter sido se não fosse Setúbal? Costuma-se dizer: ‘Toda a honra e toda a glória a Deus’; e eu digo, ‘depois de Deus, toda a honra e toda a glória ao povo de Setúbal, que é maravilhoso”, realçou.

Os louvores públicos atribuídos a membros do clero “são mais projectados nas pessoas a quem nós servimos do que em nós. Eu vejo-me como fruto das comunidades em que me inseri”, sublinhou D. Manuel Martins.

“Não se zanguem – tomem um cálice de ‘Calém’”

Foi em Gaia que D. Manuel Martins entrou pela primeira vez num seminário, e foi essa a cidade que contemplou quando, já ordenado padre, ocupou o cargo de vice-reitor do Seminário Maior, localizado no Porto.

“Na cerimónia de concessão do galardão, lembrei que as maravilhas do rio [Douro] e de toda aquela vida e história de Gaia estavam sempre diante dos nossos olhos”, recorda.

A cidade ganhou notoriedade devido às caves do vinho do Porto, e o prelado não esquece as da marca ‘Calém’: “Quando alguma coisa no Seminário corria mal, procurávamos superá-la lendo aquele nome desta maneira: ‘Com Alegria Levemos Este Martírio’”.

Uma estratégia que aconselhou ao responsável máximo da edilidade de Gaia: “Numa Câmara que tem sempre muitos aborrecimentos, dificuldades e oposições, quando elas acontecerem não se zanguem e tomem um cálice de ‘Calém’!”

O bispo emérito continua a ser solicitado para conferências e trabalhos de natureza pastoral: “Ando sempre nesta vida, sempre a consumir-me. Já tinha idade para ter juízo…”.

Reconhece que o atendimento “é o que cansa mais”: “As pessoas estão sempre a procurar-me para tudo e para nada. Hoje é muito difícil encontrar um padre disponível”.

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