De partida para Sibiu, na Roménia, está D. Manuel Felício que lidera uma delegação oficial de 15 pessoas que estarão presentes na III Assembleia Ecuménica Europeia. O membro da Comissão Episcopal para a Doutrina da Fé e Ecumenismo vai, juntamente com cerca de dois mil delegados católicos, protestantes e ortodoxos reflectir sobre “A luz de Cristo ilumina todos. Esperança de renovação e de unidade na Europa”. São desafios que são lançado apresentam já um caminho percorrido. A passagem por todas as dioceses de Portugal, a chama da III Assembleia Ecuménica Europeia que passou por diferentes lugares e a reflexão da carta ecuménica, “que apresenta temas bem definidos e que em reuniões de base anteciparam a reflexão”, foram parte do caminho. D. Manuel Felício esteve também em Graz, na II Assembleia Ecuménica, em 1997 e por isso indica que “muito do caminho realizado em Portugal, foi resultado desta participação e também da assinatura da Carta Ecuménica em 2001, assinada por católicos, protestantes e ortodoxos, como resultado da dinâmica ecuménica na II Assembleia”, expressa à Agência ECCLESIA.. Um país de maioria católica, faz com que Portugal tenha de lidar com as condicionantes próprias. “Verifica-se o despertar para intensificar as relações e o diálogo entre as religiões”. João Paulo II apresentou o diálogo ecuménico como uma das suas prioridades, “e no Directório do Ecumenismo, levou a pontos muito concretos”, um caminho que Bento XVI também segue. “Significa isto que para vivermos a fé precisamos de desenvolver essa vertente da relação ecuménica com outras confissões não católicas”, adverte o Bispo da Guarda. Foi no princípio dos anos 90, através de encontros regulares, que estas preocupações começaram “e os resultados têm sido significativos”, sobretudo entre os jovens. “O Fórum Ecuménico Jovem inspirou um dinamismo especial. A chama juvenil a as preocupações a que as comunidades cristãs depois deram espaço. Está a ser um contributo notável para o aprofundamento das relações ecuménicas entre nós”. Também a comunidade de Taizé foi pioneira na aproximação das confissões cristãs, através da sua comunidade religiosa. “Não estamos habituados a ver comunidades religiosas com uma estrutura própria feita de várias sensibilidades cristãs”. Os encontros de Taizé, D. Manuel Felício relembra o de Lisboa, “que mobilizou muita gente e deixou marca” dá a conhecer um espírito que vai sendo estimulado e desenvolvido. Mas o Bispo da Guarda afirma que “contributos têm de passar a âmbitos mais normais da nossa vivência da fé. E foi o que o Papa João Paulo II desejou – que a vivência da fé normal incluísse esta dimensão da relação ecuménica”. E segundo D. Manuel Felício, foi conseguindo. O Directório Ecuménico segue esse caminho, “estamos longe de o aplicar na sua totalidade mas ele é feito de forma a chegar a pontos concretos na pastoral normal, pois o ecumenismo não pode ser uma pastoral especial, mas têm de estar na vivência da fé ordinária”. Os assuntos propostos para a III AAE, na Roménia, são muito “concretos e de uma grande actualidade”. A construção da Europa é um assunto comum a todos os cidadãos, onde os cristãos têm um contributo a dar. A promoção do diálogo inter cultural e inter religioso, “pois sem ele não se consegue uma paz com bases sólidas”; o respeito pela ecologia, “considerando a natureza como o espírito de Deus é comum a todos”, a pobreza, a justiça, a globalização “são questões que a fé pede que nos pronunciemos”. Esta é uma oportunidade que segundo o membro da Comissão Episcopal para a Doutrina da Fé e Ecumenismo “devemos aproveitar por razões internas de vivência da fé, não porque há uma Assembleia Ecuménica. Não se pode estar parado perante problemas concretos”. Estes temas têm de comprometer todas as comunidades cristãs, “pois há valores de fundo onde precisamos de estar empenhados como actores sociais e em nome da fé que partilhamos”. O compromisso pessoal tem de ser efectivo, pois “a fé obriga a encontrar caminhos concretos de aplicação na nossa situação”. Não é algo teórico, mas é na vida prática que vamos manifestar as preocupações. “Estou muito esperançado que os caminhos de cooperação entre nós, vão ser concretizados”. Notícias relacionadas Portugueses a caminho de Sibiu