D. Manuel Clemente em elogio à Fraternidade

Lisboa, 17 jun 2011 (Ecclesia) – O presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações. D. Manuel Clemente, afirmou, hoje, em Fátima, no encontro dedicado ao «Elogio da Fraternidade» que esta “é o mais custoso dos itens da trilogia contemporânea”.

Promovido pelo Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura (SNPC), esta iniciativa conclui a trilogia iniciada em 2009 com a «Liberdade» e que prosseguiu no ano seguinte com a «Igualdade».

Na mesa redonda – contou também com a presença de Manuel Braga da Cruz e Manuel Carvalho da Silva – o prelado sublinhou ainda que a fraternidade, “muito mais do que um sentimento é uma tarefa” que “aproxima do outro”.

“A fraternidade implica decisão e acolhimento do outro como outro” – acrescentou.

Ao fazer referência à parábola do Bom Samaritano, D. Manuel Clemente disse que esta “é um código completo de ajuda” e “serve de quadro de referência muito além das fronteiras confessionais”.

A fraternidade cristã é “muito mais exigente do que a simples tolerância” porque “é muito mais do que o desinteresse por aquilo que seja o outro mesmo no aspeto religioso” – frisou o presidente da referida comissão e bispo do Porto.

Na linha da implicação, este elemento da trilogia “requer motivação e pedagogia” – acrescentou.

O contexto familiar é essencial para a ação fraterna, visto que tudo aquilo que na “sociedade é exercício de sociabilidade deve ser pedagogia de fraternidade, de aceitação e vinculação de uns aos outros” – salientou.

A fraternidade exclui “dois despistes”, frequentes no século XIX – “a massificação e o individualismo” – porque estes “impedem a fraternidade na linha de reconhecimento mútuo”.

“Presença mútua, rosto próprio e escuta atenta” são dois requisitos fulcrais na fraternidade – proferiu o bispo do Porto.

O reitor da Universidade Católica Portuguesa (UCP), Manuel Braga da Cruz, confessou que “não é fácil fazer o elogio da fraternidade” numa sociedade em que “um número muito significativo – de crianças e jovens – não sabem o que é ter um irmão”.

Com tantas pessoas a viverem sós e isolados e condições sociais adversas, o reitor da UCP frisou o “mundo altamente individualizado parece que perdeu o sentido da fraternidade”.

Na sua intervenção sobre este elemento da trilogia, Manuel Braga da Cruz sublinhou que a fraternidade continua a ser “um ideal poderosíssimo” e “um valor partilhado entre os homens”

Desde as origens da humanidade que o homem vive a “dialética” entre a “insuportabilidade e a necessidade da diferença e da solidariedade” – afirmou o reitor.

O presidente da central sindical CGTP, Manuel Carvalho da Silva, fez a distinção entre os conceitos de fraternidade e solidariedade com um “olhar a partir da evolução do mundo do trabalho e do sindicalismo”.

Segundo o sindicalista, a mudança dos comportamentos é “mais lenta” do que parece, mas o “conceito de fraternidade evoluiu, embora mantendo as influências diversas”.

LFS

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