D. Manuel Clemente elogia Papa da esperança

D. Manuel Clemente, Bispo do Porto, apresentou um balanço dos três anos de pontificado de Bento XVI, considerando que o mesmo se condensa no lema da sua viagem aos EUA, “Cristo nossa esperança”. “Neste lema, que escolheu para a sua viagem apostólica aos Estados Unidos da América, resume-se bem o triénio que leva de pontificado, tal como as preenchidas décadas da sua vida, ensino e magistério”, referiu o prelado durante a homilia do Te Deum celebrado Domingo, na Catedral do Porto. Para D. Manuel Clemente, é possível perceber na vida e obra de Joseph Ratzinger a preocupação de procurar o “alargamento dos destinatários da proposta eclesial” desejado nos documento conciliares. Segundo o Bispo do Porto, “a Igreja foi mais articulada com o mundo, até em termos de mútua potenciação. Acolhendo o mundo que ela própria integra, enquanto partilha das alegrias e das esperanças, das tristezas e das angústias da humanidade contemporânea”. “Bento XVI, abraça espiritualmente os católicos, expressa a fraternidade que o une aos outros cristãos e testemunha a amizade aos seguidores de outros credos e a todos os homens e mulheres de boa vontade”, indica. D. Manuel Clemente precisa que “esta amizade universal é absolutamente inclusiva. Mas acontece – como Ratzinger/Bento XVI repetidamente o tem lembrado – que pode ser transformada em fraternidade autêntica nos que, pelo Espírito de Cristo, renascem como filhos de Deus”. “Fraternidade e filiação que Deus destina a toda a humana criatura; mas que, por serem oferecidas a pessoas livres e responsáveis, têm de ser propostas e aceites. Quer isto dizer que esta sucessão de referências, da amizade à fraternidade, vai muito além da mera cortesia, transformando-se em pedagogia e convite”, acrescentou. Pedagogia Segundo o Bispo do Porto, “pedagogia e convite” são “outros nomes da responsabilidade pastoral, tal como Bento XVI a sente e realiza”, por considerar que “há uma verdade recebida que tem de ser oferecida”. “Nem o relativismo pós-moderno nem um multiculturalismo desistente abrandarão no católico a urgência do testemunho”, assegura. “Outra convicção, forte e constante, de Bento XVI é a da condição soteriológica da Igreja, que só com a graça e pela graça divina se sustenta, no seu ser e no seu agir”, assinala, em seguida. Esta convicção cresceu “muito antes de ser Papa, quando na Alemanha e em tantas outras partes foi frequente uma quase redução sociológica da Igreja e da evangelização. Volta a lembrá-la – àquela autêntica condição eclesial e apostólica – a propósito da sua visita à América, para servir a esperança duma nação e duma realidade eclesial onde não faltaram graves contrafacções, nem se extinguiram as respectivas sequelas”. “Creio que todos os que o seguimos televisivamente nestes dias podemos depreender que só com tal consciência e consistência espiritual é possível ao ‘jovem octogenário’ que é Bento XVI manter e infundir tanta serenidade e esperança, numa tão rápida sucessão de cenários, por vezes particularmente difíceis e melindrosos, do mundo político ao eclesial”, observa. Credo simples D. Manuel Clemente afirmou que “parece simples, o credo de Bento XVI. E realmente ‘simplifica’ aos católicos de hoje o que Pedro simplificara já na resposta de Cesareia de Filipe: ‘Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo!’”. “À mesma esperança e da humanidade inteira, responde hoje Bento XVI, com um a linearidade que só o Espírito possibilita, quando Lhe abrimos a inteligência e o coração”, indica. “Se em Cristo temos Deus, é à humanidade inteira que Deus se oferece e destina. E o Papa sabe e ensina que, tendo em Cristo – verdadeiro Deus e verdadeiro homem – a sua figuração perfeita, Deus tem em cada criatura o seu sinal e na humanidade inteira a sua expectativa, essa mesma a que responde em Cristo”, refere ainda. Para o Bispo do Porto, “é esta a razão teológica que reforça e confirma a convicção católica duma humanidade comum e da afinidade geral de todas as consciências”. Podemos falar de direitos humanos, como de valores e deveres: do que nos devemos uns aos outros, para prosseguirmos juntos e solidários, da unidade de princípio para a unidade do fim”, afirmou. D. Manuel Clemente considera que “foi esta ordem de ideias que levou Bento XVI à Organização das Nações Unidas, para sublinhar a importância da Declaração Universal dos Direitos Humanos, por ela proclamada há sessenta anos”.

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Agência ECCLESIA

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