Causas da crise devem ser procuradas em razões mais profundas, diz Bispo do Porto
D. Manuel Clemente, Bispo do Porto, defendeu a necessidade de se promover um “melhor Estado”, cada vez mais “de todos para todos, na promoção e motivação de cada um”.
O prelado falava num encontro promovido pelo Fórum para a Liberdade de Educação, intitulado “Humanidades, Ciência e Religião: Educar porquê e para quê?”, em Coimbra, a 29 de Setembro.
Segundo o Bispo do Porto, “não deve estar em causa o lugar e o papel do Estado como primeiro responsável do bem comum de cada povo”, mas “parece necessário retomá-lo de modo mais aberto, na relação internacional e intercultural”.
“Reconheceu-se geralmente que, na «crise» sobrevinda, os Estados, mesmo os mais fortes, revelaram grandes limitações na capacidade de prever e tutelar a actividade financeira e não só”, recordou.
D. Manuel Clemente espera, por isso, um “acolhimento e estímulo da colaboração dos corpos intermédios (famílias e instituições não públicas), dentro dos princípios que as declarações universais têm afirmado quanto aos direitos humanos a promover”.
A “crise”, admite o prelado, “sentiu-se mais no campo financeiro, mas rapidamente alastrou à economia e à sociedade em geral, repercutindo-se na vida das famílias, tão atingidas por inesperadas restrições do crédito ou perdas de emprego”.
Neste contexto, o Bispo do Porto defende a importância de procurar “razões mais profundas, como são sempre as que se referem às pessoas e aos valores que as sustentam ou não: pessoas particulares, certamente, mas também públicas e administrativas, que pouco farão fora dos sentimentos gerais”.
D. Manuel Clemente lamenta que Estados e instituições hesitem “quanto ao lugar da religião – ou das religiões – no âmbito não individual, familiar ou confessional”.
“O verdadeiro desenvolvimento, como cabal e progressiva realização das inestimáveis capacidades humanas, só pode acontecer a partir da oferta de pessoas e grupos, no que tenham de mais mobilizador e sugestivo”, defende.
A intervenção do Bispo do Porto assinalou ainda que “cada aluno – como cada professor que continua sendo aluno – parte do que recebeu duma herança cultural e colectiva, que antes de mais deve conhecer no essencial dos diversos campos em que se manifesta”.
“A partir daqui, progredirá por si e com os outros, e tanto mais quanto crescer em humanidade e serviço”, observa.