«Muitas pessoas que vinham à missa eram Zaqueus, pessoas que andavam à procura de um caminho. Vinham para ouvir as suas homilias, para depois conversar com ele e a todos ele atendia», recorda o diácono permanente José Alberto Costa
Lisboa, 03 out 2019 (Ecclesia) – O diácono permanente José Alberto Costa acompanhou durante 10 anos D. José Tolentino Mendonça, quando foi capelão na Capela do Rato, e a distância não apagou a relação existente com a capelania.
“É aqui que ele acha que é a sua catedral, que tem os seus amigos. Por isso gosta muito de cá vir”, explica à Agência ECCLESIA o diácono permanente, que divide o seu serviço entre o Estabelecimento Prisional de Lisboa e a comunidade da Capela de Nossa Senhora da Bonança, em Lisboa.
Durante cerca de uma década o padre José Tolentino Mendonça foi capelão daquela comunidade.
“Eu costumava dizer que muitas pessoas que vinham aqui à missa eram Zaqueus, pessoas que andavam à procura, à procura de um caminho. Vinham para ouvir as suas homilias, para depois refletir, para depois conversar com ele e a todos ele atendia. Houve muita gente adulta, que se batizou nesta capela depois destas conversas com ele”, recorda José Alberto Costa.
O anúncio de se tornar arcebispo “não espantou ninguém”, acrescenta.
“Era uma notícia que eu esperava. Quando ele começou a ser mais conhecido era evidente que seria desafiado a outros caminhos. A Capela do Rato já era pequena para ele. Foi um misto de alegria mas também de tristeza com que o deixámos partir; ainda que ele esteja aqui sempre ligado”, explica.
Sobre a pastoral que o então padre Tolentino exercia na comunidade, o diácono permanente afirma a “simplicidade e humildade” como chave para “tocar no coração das pessoas” e destaca a sua aceitação, “enquanto sacerdote”, no mundo das artes.
“Ele aproveita tudo de bom e de mau que as pessoas têm para as fazer crescer. Toda a gente sentiu nele um amigo. O padre Tolentino é um homem de uma fé inabalável, de oração, que, com muita simplicidade e humildade, toca no coração das pessoas, sejam crentes ou não”, enuncia.
Diácono permanente desde junho, José Alberto Costa foi surpreendido pelo então capelão da Capela do Rato que o desafiou para fazer a formação para este serviço.
“Foi importante porque era um convite de um amigo. Durante este tempo, fui conhecendo o padre Tolentino como padre, poeta e amigo. Foi um convite de alguém que me conhecia. Ao longo destes cinco anos fui pensando, a ideia foi amadurecendo e hoje, sinto perfeitamente que foi um chamamento através do padre Tolentino que Deus me fez e que eu tinha de responder sim”, recorda.
Sobre a futura missão do cardeal Tolentino no Vaticano, José Alberto Costa não tem dúvidas: “A Igreja que ele sonha é muito próxima da que o Papa Francisco anuncia”.
“Os dois estão em perfeitíssima sintonia. Esta corrente vai modificar a Igreja do ponto de vista pastoral. Era esta Igreja que o padre Tolentino sonhava e fazia aqui”, finaliza.
O Papa Francisco nomeou cardeal o bibliotecário e arquivista da Santa Sé, D. José Tolentino Mendonça, no dia 1 de setembro; o poeta e sacerdote português vai receber as insígnias cardinalícias este sábado, dia 5 de outubro.
D. José Tolentino Mendonça nasceu em 1965 na localidade de Machico, no Arquipélago da Madeira, foi ordenado padre em 1990 e bispo no dia 28 de julho de 2018, no Mosteiro dos Jerónimos, quando completava 28 anos de sacerdócio, recebendo simbolicamente a sede episcopal de Suava, no norte de África.
O programa 70×7 deste domingo, emitido às 07h30, na RTP2, recolhe testemunhos de diferentes personalidades sobre as marcas do cardeal Tolentino Mendonça.
LS