D. José Saraiva Martins não exclui novo Concílio

45 anos depois do início do Concílio Vaticano II, Cardeal português defende uma Igreja em diálogo D. José Saraiva Martins, o Cardeal português da Cúria Romana afirmou que a hipótese de realização de um novo Concílio “não é de excluir”, frisando, contudo, que essa é uma decisão que compete exclusivamente ao Papa. “Para resolver os problemas que hoje se põem à Igreja, ela tem como caminho obrigatório a abertura a esses mesmos problemas, não se fechando em si mesma, e enfrentado-os colegialmente ao nível dos Pastores, com o Papa”, referiu ao Programa ECCLESIA. Essa opção pode passar por reunir Bispos de todo o mundo num Sínodo ou “eventualmente, outra forma colegial”. “Não há outro caminho a seguir”, aponta, falando de uma “certa urgência” neste campo. Colegialidade é um termo especialmente empregado para significar o espírito próprio do conjunto dos Bispos, enquanto sucessores dos Apóstolos a quem Jesus confiou o poder de ensinar, santificar e governar o povo de Deus. Este poder é exercido solenemente no Concílio Ecuménico e ainda pela comunhão e ajuda prestada ao Papa através do Sínodo dos Bispos. A 11 de Outubro de 1962 decorria a abertura solene do II Concílio do Vaticano, um acontecimento que viria a mudar o rosto da Igreja, desafiada pelas mudanças do século XX. 45 anos passados, o prefeito da Congregação para as Causas dos Santos destaca a necessidade de aplicar “na vida concreta” as conclusões deste Concílio, confessando que o mesmo “ainda não foi aplicado completamente”. Nesta entrevista, que será emitida esta Sexta-feira, na RTP2, após a cerimónia de dedicação da nova igreja da Santíssima Trindade, D. José Saraiva Martins assegura que “não falta coragem à Igreja, como não faltou a Cristo”. O prefeito da Congregação para as Causas dos Santos admite que hoje “há muitos conflitos”, incluindo vários entre a Igreja e os Estados, frisando que é necessário “instaurar um clima de diálogo entre as partes em questão”. “A Igreja Católica teve sempre a coragem, ao longo dos séculos, de enfrentar com coragem e resolver com inteligência os vários conflitos que foram surgindo. Actualmente, mantém essa coragem, conhece bem os problemas e está preparada para os resolver”, sustentou. “Não há nada pior do que fechar-se em si mesmo e negar-se ao diálogo. O homem foi feito para dialogar com Deus e dialogar com os homens”, indicou ainda, sublinhando a importância do “diálogo ecuménico”.

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