D. José Policarpo: Nova Envangelização é uma paixão

A Nova Evangelização e a adaptação da Igreja Católica portuguesa à actual sociedade foram temas focados por D. José Policarpo, Cardeal Patriarca de Lisboa, na habitual conversa com Francisco Sarsfield Cabral, no programa “A Três Dimensões” da Renascença. D. José Policarpo acredita que a evangelização não é uma tarefa nem uma alínea de um programa. “É uma paixão. É qualquer coisa que a pessoa tem tão espontaneamente dentro de si que, sempre que vem a propósito, dá testemunho dela” – algo que o Cardeal patriarca de Lisboa chama de “simplicidade da evangelização”. Questionado sobre os resultados visíveis da Nova Evangelização, D. José Policarpo afirma que na diocese de Lisboa, as pessoas estão hoje mais abertas e mais atentas a isso. Mas aponta que é preciso quebrar “a rigidez das rotinas para que isso seja possível”. O Cardeal de Lisboa assume que o grande desafio hoje é “voltar a tomar um dinamismo, que foi o da Acção Católica, do ver, julgar e agir, e reconduzir a evangelização para a presença dos cristãos na sociedade em que estão inseridos”. “Depois da crise da Acção Católica perdeu-se essa perspectiva”, sublinha. “Se você perguntar a um católico fervoroso e praticante se ele tem alguma missão na Igreja, ele diz-lhe que sim ou que não, se é catequista, ou se é isto ou aquilo, ou se não é. Agora, ele tem uma missão no Mundo, que está definida no ideário da Igreja”. D. José Policarpo não vê, para já, a Europa como um continente descristianizado “na profundidade das grandes intuições e da compreensão da vida e do Homem”. “Podem não as cumprir, mas elas estão lá”, acrescentou. No entanto, encara a Europa como o continente mais atingido por “um secularismo”. Nesse sentido, “a evangelização tem de ter isso em conta”. “Eu não aceito facilmente que se chame cultura ao secularismo. Quando muito, acho que é um elemento importante de um outro fenómeno a que temos de estar particularmente atentos, que é a mutação cultural: as culturas hoje evoluem com uma rapidez que não evoluíam no passado”. Sobre as comunidades de referência, D. José Policarpo afirmou estar disposto a evoluir, mas considera este um “caminho lento”. “Uma vez definida essa comunidade de referência, é necessário que a pessoa tenha nessa comunidade todos os direitos canónicos que tem na paróquia territorial”. O Cardeal Patriarca de Lisboa assume que esses direitos estão “pouco contemplados na estrutura do Direito Canónico e temos por trás uma estrutura civil rigorosamente marcada pela territorialidade, mas eu penso que nós podemos ser pioneiros nesta reflexão. Agora, tem de ser feita paulatinamente e sem rupturas”. Com RR

Partilhar:
Scroll to Top