D. José Policarpo fala no regresso do ateísmo

O regresso do ateísmo militante, com o aparecimento de vários livros atacando a crença em Deus, é o tema do programa “A 3 Dimensões”, com D. José Policarpo. O Cardeal Patriarca de Lisboa diz que o fim da Guerra Fria, das ideologias e dos sistemas racionais “trouxeram à ribalta da sensibilidade dos povos o fenómeno religioso com uma dimensão que nós não conhecíamos há muito tempo”. O mundo está perante dois fenómenos: de “reconduzir a religião a uma reconciliação com a racionalidade” e o da “racionalidade irreconciliada com a religião, que tenta fazer passar a sua perspectiva sobre Deus”, refere. D. José Policarpo sublinha que é preciso ter em conta que “a realidade de Deus é profunda. Deus é um mistério escondido, silencioso”. Na opinião do Cardeal Patriarca, o ateísmo “tem pouco a ver com a incidência ou não incidência social das religiões”. “Eu penso que a questão do ateísmo é uma questão mais profunda do coração do Homem, até porque, sejamos sinceros, e isto digo-lhe da minha experiência de crente: acreditar em Deus é uma coisa muito séria”, afirma. Noutro plano, D. José Policarpo assinala que o “substrato fundamental das culturas é religioso, mesmo desta cultura laica que nós vivemos no Ocidente”. “São milénios de vivência religiosa”, diz. “Os grandes valores da cultura ocidental são religiosos na sua origem e ainda hoje são aqueles que concretamente o Cristianismo afirma como valores fundamentais. O Estado laico não tem nada a ver com a laicidade da sociedade. A sociedade é plural, é vasta, e a religião está aí para ficar. Oxalá, nós sejamos capazes de a dignificar e de a purificar ao nível do Homem, e ao nível de uma intervenção positiva na sociedade”, frisa. Num mundo globalizado e marcado por conflitos, o Cardeal Patriarca de Lisboa salienta que a diplomacia é hoje um dos grandes serviços da Igreja à humanidade. “A diplomacia do Vaticano é de primeiríssima ordem, presta um serviço inestimável à paz, à coordenação, e eu diria que para ter a diplomacia que se tem é importante o Estado do Vaticano. Curiosamente, uma coisa que as pessoas não sabem habitualmente é que os embaixadores não são do Estado do Vaticano, são da Santa Sé, que é uma entidade diferente. O Estado do Vaticano é simplesmente um estatuto consagrado nos acordos de Latrão e frente ao Estado italiano”, explica. O “Três Dimensões” pode ser ouvido na Renascença às Terças-feiras, depois das 23h00.

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