D. José Pedreira passa testemunho

Após quase 13 anos como Bispo de Viana, prelado mostra-se sereno quanto à sua sucessão e ao seu futuro

D. José Pedreira despede-se este Domingo do cargo de Bispo de Viana do Castelo com “uma certa alegria e tranquilidade interior”, assegura em entrevista ao Programa ECCLESIA.

“Sinto, em primeiro lugar, uma certa alegria e tranquilidade interna por saber que vou entrar num ritmo de vida um bocadinho mais calmo”, refere, lembrando a “sobrecarga da orientação de uma diocese que tem 291 paróquias e cerca de 150 sacerdotes”.

Bispo de Viana desde 29 de Outubro de 1997, D. José Pedreira completou 75 anos no último dia 10 de Abril, mas já apresentara anteriormente a sua renúncia, alegando cansaço.

“Reconheço que, ao fim de 75 anos, a Igreja só lucra em que haja pessoas com maior capacidade juvenil para continuar o trabalho feito”, indica.

A 11 de Junho, Bento XVI nomeou um sucessor e a 15 de Agosto, D. José Pedreira torna-se bispo emérito, passando o testemunho a D. Anacleto Oliveira.

A este respeito, manifesta “muita esperança” de que o novo Bispo possua “todas as qualidades, aptidões e condições para poder não só continuar, mas também inovar para os tempos novos”.

“É com muita esperança que vou acompanhar a sua entrada na diocese”, acrescenta.

D. José Pedreira destaca que a região de Viana do Castelo tem uma grande percentagem de prática religiosa, frisando que mesmo que isso não implique “o cumprimento pleno das obrigações”  é “uma consciência de que se pertence à Igreja e que se está na sintonia do essencial”.

“A maior preocupação de um bispo em Viana do Castelo não é a dimensão religiosa em si, mas que caminhada pedagógica e didáctica devemos utilizar para que essa nossa gente, que é boa, que tem prática religiosa com convicção interna, seja capaz de a realizar em linguagem mais inteligível, especialmente para as gerações jovens dos dias de hoje”, precisa.

Para o Bispo emérito de Viana, é ainda indispensável que os responsáveis da Igreja se preocupem com a situação de “todas aquelas pessoas que lutam pela defesa dos seus direitos fundamentais, como o emprego, a saúde e as condições que lhes permitam viver com dignidade”

“A Igreja só faz sentido estando ao serviço de toda a comunidade, para que, através da mensagem que recebeu, lhe leve maior bem-estar”, defende.

O prelado destaca a situação das “pessoas mais carenciadas, como os desempregados, doentes ou famílias sem condições para educar os filhos”, mas preocupa-se “muito mais a situação dos nossos idosos”.

 

Uma preocupação que se estende também ao clero: “Sou bispo há 27 anos, incluindo os 15 anos e meio que fui bispo auxiliar do Porto. Durante a minha vida episcopal já assisti aos últimos dias de muitos sacerdotes em condições de vida inumana e indigna para alguém que, desde a ordenação, e às vezes até desde os 12 ou 13 anos, doou toda a sua vida aos outros”.

Quanto ao futuro, D. José Pedreira mostra-se confiante: “Estou convencido que a diocese tem o essencial. Mas há campo para muito mais. Gostaríamos de ter mais padres”.

O bispo emérito vai passar a residir na casa sacerdotal e assegura que não terá dificuldade em “não interferir na vida da diocese”, adiantando mesmo que “se isso acontecesse, retirar-me-ia com toda a naturalidade”.

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Agência ECCLESIA

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