D. Joaquim Gonçalves celebra domingo as bodas de prata episcopais

Menos padres calcorreiam mais paróquias em Vila Real O número de padres na diocese de Vila Real tem vindo a diminuir todos os anos, existindo actualmente cerca de uma centena com uma média de 62 anos responsáveis por 264 paróquias. Estes números dão uma média de quatro paróquias para cada sacerdote. O Bispo de Vila Real, D. Joaquim Gonçalves, que no próximo domingo, dia 22, comemora as bodas de prata episcopais, disse à agência Lusa que este ano na sua diocese vai haver apenas uma Ordenação, por altura do Natal. Ao todo, existem na diocese de Vila Real 130 sacerdotes, 30 dos quais trabalham nos serviços diocesanos ou já estão reformados. Dezassete padres têm mais de 75 anos e abaixo dos 50 existem apenas 40 sacerdotes. Os restantes 100 espalham-se pelas paróquias, havendo uma média de quatro paróquias para cada padre. «É um grande desgaste físico e económico e a desertificação que alastra por este território traz algum desencanto quando um sacerdote vai para uma celebração com pouca gente », salientou. D. Joaquim Gonçalves é natural de Fafe e foi ordenado bispo a 18 de Outubro de 1981 no Sameiro, em Braga, a sua diocese de origem, onde frequentou seminários e concluiu os estudos de Humanidades, Filosofia e Teologia. Foi Bispo Auxiliar de Braga até 1997, ano em que passou a bispo coadjutor de Vila Real e desde 1991 é o bispo titular de Vila Real. Nestes últimos 15 anos à frente da Diocese de Vila Real, D. Joaquim Gonçalves ordenou 31 padres, dos quais quatro já abandonaram o sacerdócio. Durante este período ordenaram-se ainda três bispos naturais de Vila Real. D. Joaquim Gonçalves referiu que a sua diocese conta também com uma equipa de dois sacerdotes que percorrem as paróquias procurando recrutar jovens para o Seminário. Segundo disse, há cada vez menos jovens estudantes a ingressar no Seminário de Vila Real, que neste ano lectivo é frequentado por 30 alunos, desde o 7.º ao 12.º ano. Para o Bispo de Vila Real, este problema «é fruto de uma sociedade que quer sacerdotes, mas não quer os filhos no seminário». D. Joaquim Gonçalves considera ainda que a situação de falta de sacerdotes se poderá dever à baixa natalidade a que se tem assistido em Portugal nos últimos anos. «É uma barreira muito difícil. As famílias têm cada vez menos descendentes e não querem ver os seus filhos únicos a escolherem uma vida dedicada ao sacerdócio», frisou. «Actualmente as próprias profissões são temporárias e esta mentalidade torna difícil aceitar o matrimónio católico que é para sempre», sublinhou. D. Joaquim Gonçalves está sempre disponível para atender quem o procura, passando os seus dias entre reuniões e deslocações oficiais. Admite ainda que «gosta muito de escrever». Por isso mesmo, o oratório “A Travessia” que vai ser executado na Sé de Vila Real no dia em que comemora as bodas episcopais, é da sua autoria. A peça é constituída por quatro quadros: a Distribuição das Tribos, as Tentações do Deserto, os Frutos da Terra Prometida, a Despedida de Moisés e a Passagem do Jordão. A música é da autoria de Joaquim Santos e a execução está a cargo da Orquestra do Norte, do Coro de Chaves e conta ainda com a participação dos solistas Fernando Guimarães e Inês Villadelprat. Segundo o prelado, “A Travessia” evoca em leitura directa as mudanças sócio- -culturais de Trás-os-Montes, nomeadamente da área da diocese de Vila Real, e, de modo indirecto, os desafios da problemática da modernidade europeia. «Saber coisas sem as saber usar é o princípio da desgraça» Domingo, em Fátima, o Bispo de Vila Real questionou o uso dado ao desenvolvimento científico na Europa, afirmando que «a técnica é uma faca de dois gumes». Com referências implícitas à questão do aborto, D. Joaquim Gonçalves, que presidia à Eucaristia no Santuário de Fátima, afirmou: «Fala-se hoje muito da Europa tecnicamente evoluída. Que projecto tem a Europa para a Família? Que projecto tem a Europa para os meninos antes de nascerem?» «Que projecto tem a Europa para os velhinhos? (…) É com a técnica? Assim, vemos mais morte, mais sepulturas, mais caixões em vez de berços. É isso que envaidece! É isso que está aí!», acrescentou o Bispo de Vila Real, que foi aplaudido pelos peregrinos que domingo se deslocaram a Fátima. Cerca de 70 mil, segundo o Santuário. Para D. Joaquim Gonçalves, «a ciência ensina a técnica de fazer as coisas e a sabedoria é a arte de as usar segundo a vontade de Deus». «Saber coisas sem as saber usar é o princípio da desgraça», concluiu.

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