D. João Lavrador, nomeado por Bento XVI Bispo auxiliar do Porto, assume o desafio de uma nova diocese com a surpresa da nomeação mas disponível para o novo rumo pastoral. Em entrevista ao «Correio de Coimbra», o sacerdote explica ser “muito gratificante auxiliar D. Manuel Clemente e participar no colégio episcopal com D. João Miranda e D. António Taipa”. Pelas dimensões próprias de uma diocese e dos muitos trabalhos pastorais a necessidade de Bispos auxiliares impõe-se. Agora, D. João Lavrador deseja conhecer “e aprender com aqueles que conhecem a Diocese do Porto”, uma diocese “muito dinâmica e activa, empreendedora e lúcida, apostada num grande projecto de nova evangelização, nos tempos mais próximos”. Depois de conhecer a realidade, “vou integrar dinamismos de corresponsabilidade e comunhão, por isso, quero estar aberto às interpelações que a Igreja do Porto me queira fazer”. A disponibilidade para o trabalho e para o chamamento episcopal requer “o conhecimento, o amor e a integração”, aponta o bispo auxiliar, que conta por isso com a “Igreja viva do Porto” – sacerdotes, religiosos(as), consagrados e leigos. D. João Lavrador está consciente que o deslocar físico “corresponde a algo mais profundo”. O trabalho de Bispo na nova diocese é encarado com “interpelações aliciantes no domínio da evangelização”. Numa época “nova da história”, as novas dificuldades transformam-se em “causa de novas respostas evangélicas”. Nesse sentido, o caminho será de “alegria, confiança e exigência na dedicação “ao bem de todas as Igrejas e da humanidade inteira”. No dia 29 de Junho terá lugar a ordenação episcopal de D. João Lavrador na Sé Nova, em Coimbra. O lema episcopal por si escolhido – “Tu Segue-me” – acompanha D. João Lavrador desde a sua ordenação sacerdotal. Ao longo de 27 anos de ministério presbiteral “tenho procurado, apesar das minhas limitações, corresponder às exigências” tendo em mente o pedido de Jesus Cristo. Nesse sentido, o sacerdote achou importante dar continuidade ao lema inicial. “Continuar o chamamento pessoal” na dimensão da participação. Rumo ao Porto, D. João Lavrador deixa para trás a diocese de Coimbra onde durante anos trabalhou. Na hora da despedida afirma que “sendo humano”, irá sentir saudades das pessoas com quem colaborou “e me ajudaram a crescer”. Ainda em Coimbra, o futuro Bispo auxiliar do Porto não esquece “D. Albino e D. João Alves, a quem estou muito grato por tudo o que me ofereceram durante o meu ministério presbiteral”. Lembra os sacerdotes que “que me deram sempre um exemplo extraordinário de zelo apostólico e de comunhão presbiteral” e os religiosos e religiosas com quem aprendeu a servir a Igreja diocesana “sempre na dimensão universal e com dinamismos próprios de cada carisma que são uma riqueza para a Igreja”. Mas não esquece também leigos “responsáveis e tão generosos” assim como o Seminário e o ISET onde leccionou. “Fui um privilegiado porque praticamente quase todos os sectores da vida diocesana me deram a possibilidade de os servir”, afirma. Sobre a Igreja de Coimbra, afirma estar a crescer e “a saber acertar com as exigências que o Espírito lhe vai colocando”. Sectores como as vocações, seminários, pastoral universitária, apostolado dos leigos, dinamização dos diversos ministérios, o impulso da caridade, a valorização litúrgica, a formação do clero e dos leigos, a formação de catequistas, os jovens, são trabalhos a “dar os seus frutos e outros mais abundantes virão no futuro”, explica. Deixando marcas no sector universitário, nomeadamente no CADC e no Instituto Justiça e Paz, D. João Lavrador sublinha que esta área “merece uma atenção privilegiada da Igreja diocesana”. O futuro Bispo auxiliar do Porto aponta que “alguns passos importantes se deram e novos se devem dar para que os dinamismos do Espírito presente na história, para que a renovação conciliar, entendida na sua profundidade, e as exigência do tempo presente, sejam tidos em conta na evangelização dos homens e das mulheres de hoje, nomeadamente daqueles que irão ter responsabilidades na condução da sociedade, nos diversos domínios de actuação pública”. Ainda sem partir para a diocese do Porto, D. João Lavrador manifesta-se “disponível para ajudar a integrar” a pessoa que o irá substituir nas suas funções. “Não lhe darei qualquer orientação específica, porque cada um tem a sua forma própria de orientar a vida pastoral de que está encarregado”.