Em 20 de Outubro último, a Academia da Marinha, na pessoa de seu Presidente, Almirante Nuno Vieira Matias, convidou D. Januário Torgal Ferreira a proferir uma conferência sobre “S. Nuno de Santa Maria: o Santo”, dissertando sobre a figura do herói pátrio, o Tenente-General Alexandre de Sousa Pinto, Presidente da Comissão Portuguesa de História Militar.
O Bispo das Forças Armadas e de Segurança, chamando a atenção para os pormenores e cotejo das fontes (Crónica do Condestabre e Crónica de D. João I), sublinhou que o testemunho da santidade se construiu na secularidade de uma vida profissional. Os critérios ético-sociais no tocante aos beligerantes inimigos, a acção em prol de uma sociedade livre e equilibrada nos seus direitos e tensões sociais, a defesa de um salário justo, o testemunho do comando, em todos os procedimentos, sobretudo no exemplo de quem vai sempre “à frente” e na formação dos seus pares (poucos e bons portugueses), o incentivo à liberdade de escolha no âmbito do ofício de armas, o desprendimento dos bens e a sua partilha, o sentido da “guerra justa”, a oposição à violência gratuita, entre outros, são elementos a considerar, nunca os silenciando como tem acontecido, nem reduzindo o sentido da perfeição evangélica ao burel de um frade carmelita…
Não admira que tais desconhecimentos perdurem, lado a lado, com preconceitos e, por via disso, incultura. É como, se nos dias de hoje, alguém sem responsabilidades e saber, chamasse aos numerosíssimos bispos, encarregados da pastoral militar, “bispos da guerra”.