Ex-trabalhadores da ENU viram proposta de acesso às pensões de invalidez e velhice chumbada D. Ilídio Leandro, Bispo de Viseu, manifestou-se desapontado pelo chumbo da proposta para alargar o acesso às pensões de invalidez e velhice dos ex-trabalhadores da Empresa Nacional de Urânio e para a não prescrição do direito de indemnização por doenças profissionais. Cerca de uma centena de trabalhadores da ENU e seus familiares deslocaram-se hoje à Assembleia da República na expectativa de ver aprovadas as propostas do PSD, PCP e BE que davam resposta às suas reivindicações. No entanto, o partido do governo chumbou a proposta. Os ex-trabalhadores pretendiam ver alargado a todos o decreto-lei 28/2005, que dá benefícios na idade da reforma, e indemnizar os familiares dos cerca de 100 colegas que alegadamente morreram com doenças cancerígenas, por terem estado expostos à radioactividade. A actual legislação prevê um regime específico de acesso às pensões de invalidez e velhice, mas apenas para os trabalhadores que tivessem um vínculo laboral com a empresa à data da sua dissolução. O Bispo de Viseu, que já se tinha mostrado solidário com os ex-trabalhadores, afirmou à Agência ECCLESIA que lamenta não haver uma solução que “atribua justiça aos membros de uma empresa”, que foi nacional e onde os trabalhadores “viveram o seu projecto de vida”. “Não se trata de obter uma compensação ou benefício extra, mas encontrar uma solução que os leve a sentir justiçados pelo próprio Estado”, explicou. O Bispo de Viseu enfatiza que a sua posição não significa “que a justiça esteja do lado dos trabalhadores para que todas as suas exigências sejam satisfeitas”, mas sublinha sentir que “deveria haver da parte do Estado uma decisão justa que contemplasse as legítimas aspirações”, nomeadamente as que têm cobertura da parte da lei, para que os trabalhadores sentissem que o Estado olhou pelo seu futuro. D. Ilídio Leandro aponta este chumbo como um “adiamento”, pois “ parece lamentável os partidos políticos e os sindicatos darem a entender que têm determinados direitos, e até votarem para uma aprovação legislativa e depois, de acordo com a situação ou com quem está no poder, haver uma decisão desfavorável”. O Bispo de Viseu afiram que os trabalhadores “sentem-se apoiados por outras forças políticas”, facto que levará à eternização de uma luta que “não é boa nem para o Estado, nem para eles nem para as suas famílias”. D. Ilídio Leandro refuta constatar um aproveitamento político. No entanto nota que “não é uniforme a decisão política com os sucessivos apoios de partidos e forças sindicais que acompanham a sua luta”. “Parece-me que depende de quem está no poder ou na oposição, uma certa aproximação ou distanciamento às aspirações dos trabalhadores”, sublinha. O Bispo de Viseu avança que não está do lado das reivindicações, mas pede que “haja uma decisão que contemple os direitos. E embora posa não ser satisfatória para todas as suas reivindicações, mas que haja uma decisão última e definitiva”, apela. D. Ilídio Leandro receia que esta situação seja “um espelho do que vai acontecendo noutras situações paralelas”. “Temo que no fundo, as pessoas sintam que os seus direitos são reconhecidos apenas pela luta e não tanto pelo conhecimento da lei ou pela atribuição de uma justiça social”. Com Lusa FOTO: Lusa Notícias relacionadas • Os ex-trabalhadores da ENU