D. António Couto aponta áreas onde a intervenção dos cristão é «indelegável»

No segundo dia de Congresso Missionário Nacional, D. António Couto fez uma análise do mundo missionário no mundo português, referindo que “o quadro português não se distingue muito do que se passa na Europa fora” D. António Couto, Presidente da Comissão Episcopal das Missões e Bispo auxiliar de Braga afirma que “há pessoas que vivem seriamente a missão, no seu mundo, não descurando a missão Ad Gentes”. A metodologia não se centra mais em África ou Índia. “A missão Ad Gentes é para viver aqui”. Numa intervenção que quis “apontar o muito que se tem reflectido sobre esta questão”, D. António Couto afirmou que a missão Ad Gentes está “talvez a mudar”. “Os lugares privilegiados deviam ser agora as grandes cidades, os jovens, as migrações, os refugiados, as situações de pobreza, a comunicação, o mundo da cultura, e o mundo do «ressurgimento religioso» que emerge nas sociedade secularizadas onde se vive uma angustiante procura de sentido”, evidencia o Bispo auxiliar citando a encíclica Redemptoris missio. Da Conferência Episcopal Italiana, recorda D. António Couto, o empenhamento missionário “num longo período do renascimento missionário no Séc. XIX, a obra das missões privilegiou o anúncio do Evangelho”. “A implantação da Igreja entre os povos não cristãos, a missão desenvolvia-se sobretudo à margem da vida eclesial, sendo delegado, quase exclusivamente, em instituições especificas estando pouco inserida na comunidade eclesial local, que participando, não se sentia inteiramente responsável por ela”. A Igreja particular, aponta a CEI, “é o sujeito da missão”. “Cada um de nós, de forma particular, deve assumir a missão”, sublinha o Bispo auxiliar. “A paróquia será tanto mais capaz de redefinir a sua tarefa missionária no seu território, quanto mais souber projectar-se sem delegar apenas em alguns a responsabilidade da evangelização dos povos”, recorda ainda a partir de um documento da CEI. Os bispos italianos, pediam centros missionários diocesanos que, “juntamente com outras realidades de animação missionária ajudem a tornar possível que a missão atravessa todos os âmbitos da vida cristã”. Uma dinâmica nova de cooperação entre as Igrejas, ajudas em projectos de solidariedade, viagens de cooperação, geminações projectos educativos de novos estilos de vida, denuncia de abusos, exemplificou D. António Couto como áreas onde os cristãos podem e devem trabalhar. O Presidente da Comissão Episcopal das Missões sublinhou a necessidade de combater os hábitos instalados das paróquias, “porque só depois, de houver tempo, se pensa na missão Ad Gentes. A missão é que deve conduzir”, indicou. Em Portugal, João Paulo II disse que a primeira das prioridades pastorais da Igreja em Portugal é edificar comunidades vivas de fé, de amor e dinamismo missionário. Apelo recordado na íntegra na nota pastoral da CEP em 1998. “Em Portugal também temos boas indicações e apelos fortes, estão é por vezes na gaveta”, acrescentou o Bispo auxiliar, afirmando que “faltam propostas concretas”. Indica a CEI que “a paróquia assumirá a tarefa missionária, enchendo de primeiro anúncio todas as acções pastorais”. Áreas como a catequese, a celebração eucarística, a homilia, o testemunho da caridade, as festas, as peregrinações, a criação de centros de escuta do Evangelho e acções de preparação para o matrimónio. Aponta o Bispo auxiliar que “é importante que se abeirem das pessoas, que façam acompanhamento nos sacramentos que não pode ser apenas trabalho burocrático, acompanhar jovens casais”, estar presente no fenómeno das migrações, nas comunicações sociais, utilizar o tempo livre, estar presente na situação da dor e da morte. O Bispo auxiliar quis ainda reflectir sobre o papel que os leigos têm. “A Igreja não está fundada plenamente se, com a hierarquia, não existir um laicado autêntico. Sem a presença activa dos leigos, o evangelho não se criva no meio do mundo. É preciso que desde a fundação da igreja se preste uma formação competente no laicado”. D. António Couto pediu intervenção cristã no mundo da política, na realidade social, na cultura, nas ciências, nas artes e na comunicação social, e ainda “noutras áreas abertas à evangelização, como o amor, a família, a educação das crianças e o sofrimento”. E acrescentou haver “tanto trabalho para fazer”. Foto: OMP

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