Cultura: Vaticano acolhe exposição «O grito das mulheres», um «abraço» da Igreja através da arte (c/vídeo)

26 fotografias de mulheres em diferentes contextos e geografias, acompanhadas por citações da encíclica «Fratelli Tutti», convidam à fraternidade humana

Cidade do Vaticano, 02 mai 2023 (Ecclesia) – A Santa Sé apresentou hoje a exposição fotográfica ‘O grito das mulheres’, composta por 26 fotografias que, até 29 de maio, vai estar patente na colunata esquerda da Praça de São Pedro, no Vaticano.

O prefeito do Dicastério para a Comunicação (Santa Sé), Paolo Ruffini, falou num “grito contra a indiferença”, referindo-se os disparos de oito fotógrafos, cujo resultado é acompanhado de citações da encíclica do Papa Francisco «Fratelli Tutti», num trabalho realizado em parceria com a União Mundial das Organizações Femininas Católicas, com o referido dicastério e com a agência Handshake.

“As imagens que compõem a exposição ‘O Grito das Mulheres’ têm a força, o poder de nos obrigar a parar, a ver. De nos surpreender e de nos dar dinamismo. Não são estáticas. Não congelam um momento no tempo. Exigem uma mudança, antes de mais no observador. Põem algo em movimento que não para. E que é certamente diferente para cada visitante, para cada olhar. Desafiam-nos. Não oferecem respostas. Mas confrontam-nos com a nossa cegueira. Rasgam a armadura de hipocrisia que nos envolve. Deixam-nos sem palavras, mas mudados. Verdadeiros irmãos e irmãs todos. Capazes de ver com o coração”, convida Paolo Ruffini.

Sobre o facto de ser uma mostra que envolveu as comunicações sociais, o responsável indicou o paradoxo do consumo, do “desgaste de tudo, palavras e imagens”, mostrar, paralelamente que pouco se sabe”: “Vemos tudo, ou quase. Mas não vemos nada”.

Foto: Vatican Media

“Estas fotografias mostram-nos um caminho e, nas palavras do Papa Francisco, perguntam-nos se caminhamos na esperança ou na resignação; mostram-nos a fragilidade para nos perguntarmos de que cuidamos; mostram-nos a diversidade religiosa e cultural para pedirmos a Deus que nos prepare para o encontro com os outros; comovem-nos com o milagre da vida nascente para nos dizerem que existe vida onde há união, comunhão, fraternidade”, explicou.

Nas palavras de Ruffini, na conferência de imprensa de apresentação, olhar as fotografias e “reler as frases de Fratelli tutti que as acompanham”, pode ajudar a “redescobrir” a fragilidade.

“Que somos diferentes, mas iguais. Aparentemente distantes, mas unidos por um único destino. Todos irmãos e irmãs”, sublinhou.

As fotografias da exposição apresentadas pelos fotógrafos Nese Ari, Sebastiano Rossitto, Asaf Ud Daula, Luca Catalano Gonzaga, Vassilis Ikoutas, Ferran Paredes Rubio, Giuseppe Caridi, Caterina Borgato, Silvia Tenenti, convidam a uma mudança através da arte.

“Os artistas sabem como romper com os moldes, ultrapassar os estereótipos. A sua criatividade perscruta-nos, sabe como mexer com algo profundo dentro de nós. Dizendo-nos: o que vês, o que vês agora nesta fotografia, e o que não vês na tua vida?”, indicou.

Maria Lia Zervino, presidente geral da União Mundial das Organizações Femininas Católicas, assinalou o “abraço” que a Igreja quer dar “a todas as mulheres”.

“Esta exposição, nos abraços abertos da colunata da Praça de São Pedro, é um sinal de como a Igreja hoje quer abraçar todas as mulheres do mundo, crentes e não crentes, e dar-lhes visibilidade, transformar, melhorar a sua vida, a das suas famílias, a dos seus povos”, reconheceu.

A responsável referiu ainda o percurso feito para a construção da exposição, em parceria com o Dicastério, mostrando “26 fotografias de mulheres, de diferentes periferias do planeta, com as suas ações e resiliência”, esperando que posso realizar “uma sinergia transformadora, que tem como horizonte a fraternidade humana”.

Lia Giovanazzi Beltrami, realizador de cinema, produtor, diretor artístico, criador e curador da exposição fotográfica referiu-se ao “lugar-não-lugar onde a arte toca as emoções mais profundas e conduz a mudanças pessoais e sociais”.

Num mundo marcado por profundas divisões, a arte pode oferecer um espaço aberto, uma casa comum onde a síntese pode ter lugar, onde nos podemos juntar como uma humanidade unida em harmonia”, indicou.

A exposição mostra 26 fotografias de mulheres na Amazónia, Bangladesh, Turquia, Togo, Grécia e fronteira da Ucrânia, contam “dramas”, mostram um mundo de mulheres fortes e frágeis, carregando enormes fardos”, mas transportam em si uma profunda esperança” e falam de “beleza”.

LS

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Agência ECCLESIA

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