Ator e encenador recebe este sábado o «Prémio Árvore de Vida – Padre Manuel Antunes», da Igreja Católica
Lisboa, 02 jun 2017 – O ator e encenador Luís Miguel Cintra, que vai receber este sábado o Prémio Árvore de Vida – Padre Manuel Antunes, considera que a sociedade ocidental está “impregnada de uma civilização que foi profundamente cristã” ou da sua “deformação”
“Somos herdeiros ou da doutrina cristã ou da deformação da doutrina cristã”, afirmou Luís Miguel Cintra em entrevista à Agência ECCLESIA.
Para o ator e encenador, a cultura da atualidade distancia-se da sua matriz cristã porque “o que manda é o dinheiro, o lucro, onde tudo é medido pela sua eficácia e nada é generoso em si próprio, por bem, prazer e para engrandecimento do ser humano”.
“Eu aprendi isto com a cultura! Não se pode meter isto na cabeça das pessoas ou fazer doutrinação com isto”, disse Luís Miguel Cintra, acrescentando que a “arte antecipa muitas coisas” a “evolução do mundo”.
Cofundador da Cornucópia, nos anos 70, Luís Miguel Cintra inclui no seu percurso artístico a declamação de poesia, de textos da Bíblia e de autores consagrados, como o padre António Vieira
“Quando se lê em voz alta e se tem a noção do que se está a ler, com um bocadinho de capacidade de análise, fica-se deslumbrado! Os Evangelhos são de uma obra prima absoluta! E de uma modernidade de escrita incrível, independentemente do seu conteúdo religioso”, sublinhou.
Para Luís Miguel Cintra, a voz é como a arte sacra que permite dizer Deus de muitas formas, oferece “diferentes representações” aos textos e dá uma “noção do que significa construir uma imagem sagrada”.
O Prémio Árvore da Vida – Padre Manuel Antunes é atribuído pela Igreja Católica em Portugal através do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura e distingue, na edição de 2017, Luís Miguel Cintra pelos “méritos extraordinários da carreira do encenador, ator, ensaísta e tradutor de literatura dramática”.
A decisão do júri “sublinha a intervenção de Luís Miguel Cintra no concerto das artes verbais, musicais e cénicas, dentro de um contexto de extensa e fecunda intervenção no debate de ideias e de questões ético-sociais no espaço público”, acrescenta o texto divulgado pelo SNPC.
Para o ator e encenador, receber um prémio que tem por patrono um antigo professor e “funcionava como uma espécie de apaziguador dos conflitos” no ambiente de casa é como estar “em família”.
Luís Miguel Cintra sublinha também o facto de ser um prémio atribuído pela Igreja, com quem dialogou “toda a vida” e de quem foi “tão adepto como crítico”.
“Acaba por dizer simbolicamente ‘não estamos zangados contigo!’”, afirmou Luís Miguel Cintra.
O ator e encenador recebe o prémio este sábado, no encerramento da Jornada da Pastoral da Cultura, em Fátima.
A entrevista a Luís Miguel Cintra é publicada na edição de hoje do Semanário Ecclesia e vai ser emitida no programa 70×7 deste domingo (às 13h30, na RTP2)
PR