Cultura: Monumentos ajudam a preservar identidade local num mundo global

II Congresso Internacional da Rota do Românico abordou relação entre memória e património

Amarante, Porto, 12 dez 2014 (Ecclesia) – A relação entre identidade, memória coletiva, contemporaneidade e um património marcado pelas pessoas esteve em destaque no II Congresso Internacional da Rota do Românico, que se concluiu hoje em Amarante.

“O primeiro passo para destruir o património é deixar de o utilizar”, alertou Christin Prange, diretora-executiva da Associação TRANSROMANICA, a maior rede de locais e itinerários românicos do Velho Continente, para quem “o essencial é envolver as populações”.

A responsável falou do românico como a “primeira linguagem comum da Europa”, uma “herança” essencial para enfrentar e compreender a atual globalização.

A diretora da Rota do Românico, Rosário Correia Machado, destacou a importância de conhecer o património para que seja possível vivê-lo, realçando os “valores de memória”.

Sandra Costa Saldanha, diretora do Secretariado Nacional dos Bens Culturais da Igreja, apontou os desafios da divulgação do património religioso, cada vez mais procurado por motivações culturais.

Inácio Ribeiro, presidente da Associação de Municípios do Vale do Sousa, elogiou o desenvolvimento do congresso, que apontou caminhos sobre como recuperar, interpretar e valorizar o património.

“A Rota do Românico não pode parar, esta troca de experiências é sem dúvida o melhor processo de enriquecimento da nossa memória”, declarou.

Manuel Moreira, presidente da Associação de Municípios do Baixo Tâmega, falou num “grande património milenar” que deve mobilizar os agentes da região.

Os dois dias de trabalhos encerraram-se esta manhã com painéis subordinados às temáticas ‘A Memória do Românico’ e ‘Da Memória ao Valor’.

Maria Leonor Botelho, professora auxiliar no Departamento de Ciências e Técnicas do Património da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, abordou o tema do “Românico e Restauro sob o Estado Novo”, sublinhando a centralidade da ideia de ‘restauração’ para o regime de Salazar, sobrepondo muitas vezes o seu “valor histórico” dos monumentos ao “valor artístico”.

A especialista questionou se aquilo que hoje se conhece, em Portugal, como arquitetura românica se relaciona efetivamente com a sua “imagem original”, face às intervenções que decorreram no século XX.

Já Ana Umbelino, representante da Associação para o Desenvolvimento Turístico e Patrimonial das Linhas de Torres, sublinhou a ligação entre “investigação e transposição didática dos conhecimentos”.

Rui Simão, coordenador da ADXTUR – Agência para o Desenvolvimento Turístico das Aldeias do Xisto, explicou que esta herança patrimonial representou uma “oportunidade”, a partir dos “saberes” locais, mas também em apostas que pareceriam improváveis, como concertos de jazz.

A Rota do Românico, que engloba 58 monumentos, nasceu em 1998, no seio dos concelhos que integram a VALSOUSA – Associação de Municípios do Vale do Sousa – Castelo de Paiva, Felgueiras, Lousada, Paços de Ferreira, Paredes e Penafiel, e alargou-se, em 2010, aos restantes municípios da NUT III – Tâmega (Amarante, Baião, Celorico de Basto, Cinfães, Marco de Canaveses e Resende).

OC

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