Católicos devem intervir na sociedade não para si mesmos mas «com os outros», afirma diretor do Centro Regional do Porto da UCP
Lisboa, 14 nov 2011 (Ecclesia) – A Igreja Católica, fonte de cultura em Portugal por causa do seu património artístico, é desafiada a continuar a ser uma voz ativa na sociedade, consideram três personalidades do mundo académico, editorial e comunicações sociais.
É nos “cânticos”, “ritos” e expressões artísticas do catolicismo que “se encontra o Belo”, mesmo “para quem a fé desapareceu”, considera Jorge Reis-Sá, da editora Babel, em depoimento publicado no site do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura.
O responsável sublinha que em Portugal “a Igreja tem ainda (e ainda bem) um papel importantíssimo na sociedade”, e recorda que “grande parte do país”, à exceção de Lisboa e Porto, é feito de localidades onde são as estruturas católicas que sustentam “muito do que a juventude cria”.
O responsável pelo Centro Regional do Porto da Universidade Católica Portuguesa, Joaquim Azevedo, centra-se na intervenção dos católicos na realidade atual e começa por apontar que “o pós-crise vai configurar um dado tipo de sociedade, que pode ser apenas mais do mesmo ou ainda mais injustiça e violência humana e mais insustentabilidade sobre a Terra”.
“A Igreja está aí, no meio do turbilhão e é precisamente aí que tem de dar as razões da sua esperança, agindo e falando não para si mesma, nem para os outros, mas com os outros, sobretudo com quem mais precisa”, acrescenta o diretor do Secretariado da Pastoral da Cultura da diocese do Porto.
Para o diretor da RTP-2 a Igreja deve “interrogar a cultura e as artes com aquela pergunta inquietante: ‘de que queremos ser salvos (curados)?’ – propondo a convicção de que ninguém se salva (cura) sozinho”.
Segundo Jorge Wemans, “a urgência fundamental centra-se hoje na revalorização dos laços comunitários, no recentrar da pessoa (experiência individual livre e irrepetível) cujo horizonte de felicidade e alegria só pode existir na relação de comunhão”.
A importância da herança cultural do catolicismo leva Jorge Reis-Sá, que se diz “distante” da fé, a referir que “várias vezes” entrou com o seu filho de cinco anos “na missa que ao fim da tarde se celebra no Chiado” [baixa de Lisboa].
“Só para que ele saiba que, querendo acreditar ou não, é muita a beleza que a Igreja traz e deve merecer o maior respeito por todos aqueles que se dizem possuidores de razão – com ou sem a irracional fé”, assinala.
Os mais de 25 depoimentos reunidos pelo Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura estão a ser gradualmente disponibilizados no seu site.
RJM