Ensaísta Eduardo Lourenço e o padre José Tolentino Mendonça inauguraram ciclo «Espírito da Arte/Arte do Espírito»
Lisboa, 06 de Nov 2015 (Ecclesia) – O diretor do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura (SNPC) considera que a arte pode “atrair” de “forma intrigante” para outra ordem do espírito, “mais conotado com o sagrado”.
José Carlos Seabra Pereira moderou, esta quinta-feira, em Lisboa, na Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva, o primeiro debate do ciclo «Espírito da Arte/Arte do Espírito» que teve como intervenientes o ensaísta Eduardo Lourenço e o padre e poeta José Tolentino Mendonça.
Se a arte fosse “apenas objeto” teria uma vitalidade “muito menor” do que aquela “que tem revelado ao longo dos séculos” e nas mais “variadas circunstâncias”, disse à Agência ECCLESIA.
No debate, o decano dos ensaístas portugueses, Eduardo Lourenço, realça que os “artistas através das suas criações exorcizam o mundo” e “ajudam o criador a manifestar-se e a dar algum sentido à experiência com o mundo”.
O poeta e padre madeirense José Tolentino Mendonça considerou Eduardo Lourenço “um mestre” que coloca o ouvinte numa viagem e “introduz” a pessoa na dimensão “do essencial e do enigma”.
Para Tolentino Mendonça – recordando Paul Claudel -, os artistas “são a possibilidade do espírito em estado puro, essa mística prévia a qualquer organização”.
O espírito “não pode viver sem a arte”, frisou.
Segundo José Carlos Seabra Pereira, a abordagem ao «Espírito da Arte/Arte do Espírito» parte de um respeito “de autonomia dos valores estéticos”, todavia “não se pode esquecer” que a arte é “uma atividade humana”.
O projeto visa igualmente analisar “as fronteiras da arte” enquanto “autonomias correlacionadas ou interativas, isto é, como distinção e como vizinhança, como fator de identificação e de comunicação”, acrescenta o diretor do SNPC, organismo ligado à Conferência Episcopal Portuguesa.
LFS/OC