Universidade Católica Editora lança colecção «Nunc», para uma leitura do momento que passa A Universidade Católica Editora (UCE) acaba de lançar a obra “Cultura Contemporânea e Cristianismo”, um exercício concreto do diálogo fé e cultura, da autoria do teólogo João Duque. Este professor da Faculdade de Teologia da UCP assume que o cristianismo “sempre se realizou em relação com a cultura: quer como crítico e transformador, quer como criador de cultura.” A cultura de que aqui se fala é caracterizada pela modernidade tardia, ou mesmo por uma “pós-modernidade” que pretende já libertar-se de dilemas modernos, assim como pela relação à ambígua “cultura global”, que João Duque descreve como semelhante ao mundo helénico que viu surgir e crescer o cristianismo. Este livro, um texto interrogativo, assume o desafio de repensar os elementos fundamentais do cristianismo, “na sua relação dinâmica e criativa com esse complexo contexto cultural”. A questão da pertinência do religioso, o problema da identidade cristã em situação pluralista, a incógnita do futuro da Europa e da sua identidade, o desafio da cultura de consumo e mediática, assim como a possibilidade de uma “aliança” fértil com a arte contemporânea são os campos de debate escolhidos pelo autor. NUNC Esta obra inaugura a colecção “Nunc” da UCE, que pretende falar sobre o “agora” (nunc), oferecendo reflexões de cariz teológico relativas à actualidade. Para João Duque, essa necessidade já era sentida no início do cristianismo e assegura que “se quisermos aprender alguma coisa do passado temos de ler a situação, o momento”. Os desafios novos, que nunca existiram noutros séculos, requerem novas chaves de leitura e acção. “Há um conjunto de sinais, respeitantes à cultura da globalização e do mediatismo, ou à proliferação de manifestações religiosas algo difusas, que nos desafiam”, afirma João Duque. Falando da sua condição de leigo, este teólogo assume que não é isso que o torna mais capacitado para falar do quotidiano, mas vinca que “um leigo, com família, está obrigado a viver constantemente com os problemas e desafios da sociedade contemporânea”. “Penso que poderemos correr menos o risco da ingenuidade, no contacto com esta cultura, e estar mais vocacionados para uma análise mais crítica da cultura em que vivemos”, acrescenta. UCE Em relação a mais esta iniciativa editorial, o vice-reitor da UCP, Carlos Azevedo, afirmou que a Universidade Católica “tem procurado responder às necessidades de formação das comunidades cristãs”. “É urgente, na nossa produção livreira, dar não só aquilo que as pessoas consomem, mas dar também o que as educa na fé. As editoras do nosso mercado reagem geralmente a livros com alguma profundidade – porque dizem que não se vendem – e não se formam as pessoas”, disse à ECCLESIA. Este responsável falou ainda da colecção de livros de bolso “Campus do Saber”, uma iniciativa que pretende “conjugar a dignidade de uma obra académica com a capacidade de se dirigir a um público diversificado”. Carlos Azevedo lamentou a pouca receptividade das livrarias, “pouco disponíveis para venderem livros baratos”, como é o caso destes. Apesar das contrariedades, Carlos Azevedo assegurou que a UCE existe para “prestar um serviço” e anunciou, nesse sentido, que nas próximas semanas sairão mais dois títulos do “Campus do Saber”.