D. José Policarpo encerrou jornadas dedicadas à «Liturgia, Arte e Arquitetura nos 50 anos do Concílio Vaticano II»
Lisboa, 16 nov 2012 (Ecclesia) – O cardeal-patriarca de Lisboa sublinhou hoje a necessidade da Igreja Católica trabalhar “em equipa” com o mundo da arte, para conferir atualidade à sua mensagem sem deturpar o “carácter imutável da fé”.
No encerramento da jornada sobre “Liturgia, Arte e Arquitetura nos 50 anos do Concílio Vaticano II”, acolhida pela Universidade Católica Portuguesa, D. José Policarpo centrou essa necessidade de “convergência” entre o religioso e o artístico “no espaço sagrado onde a assembleia se reúne”.
“Construir uma igreja supõe uma compreensão da conceção de templo na teologia cristã”, realçou o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, salientando que “nem todas as soluções encontradas” atualmente, em termos arquitetónicos, “satisfazem” os requisitos exigidos.
O patriarca de Lisboa deu como exemplos “a igreja que se apaga como edifício sagrado e se esconde no rés-do-chão de um prédio, ou o espaço do templo que serve para outras atividades da comunidade humana, sendo polivalente na sua utilização”.
“A arte sacra garante o diálogo da Igreja com a cultura e a relação do que é próprio de cada tempo com o carácter imutável da fé. Para valorizar elementos da atividade cultural não pode agredir a perenidade do mistério”, salientou.
D. José Policarpo destacou a importância dos edifícios religiosos expressarem “harmonia e beleza”, condições essenciais para o desenvolvimento de “um povo crente, Igreja viva, Templo do Deus vivo”.
O cardeal-patriarca recordou ainda algumas das características que devem estar presentes em quem faz da arte sacra a sua atividade, pegando na “Mensagem do Concílio Vaticano II a todos os Homens”, na parte dirigida aos artistas.
Aquele texto, escrito por Paulo VI em 1965, na conclusão do Concílio, referia a necessidade de homens e mulheres com “mãos puras e desinteressadas”, livres “de gostos efémeros e sem valor verdadeiro”.
“Impressiona a atualidade desta Mensagem, aprovada há 50 anos, pelos Padres Conciliares”, referiu o presidente da CEP.
No entanto, acrescentou, para que aquele repto se cumpra e ganhe corpo, é preciso existir trabalho “em equipa”, entre “os arquitetos, outros artistas, teólogos e liturgistas”.
Por outro lado, cabe à hierarquia católica, sobretudo aos bispos, “garantir serviços de qualidade que promovam a autenticidade da arquitetura religiosa e proíbam os desvios e as falsas soluções”, concluiu.
JCP