Atribuição assinala «voz original da literatura contemporânea» e capacidade de apresentar «beleza e poesia» como «parte do património cultural intangível da Europa e do mundo»
Lisboa, 13 jun 2020 (Ecclesia) – O cardeal D. José Tolentino Mendonça venceu o prémio Europeu Helena Vaz da Silva 2020, que promove a divulgação do património cultural, da responsabilidade do Centro Nacional de Cultural, em parceria com a Europa Nostra.
“Uma das vozes mais originais da literatura contemporânea portuguesa, este reconhecimento presta homenagem à contribuição excecional de Tolentino Mendonça para a divulgação da cultura e dos valores europeus”, pode ler-se na justificação apresentada na página do CNC.
Para o cardeal português o “património cultural é um motor indiscutível do presente e só com ele podemos pensar que há futuro”, destacou assinalando o reconhecimento pela atribuição desta distinção.
“Não podemos esquecer que a cidadania europeia é também uma cidadania cultural. Esta liga-se ao tesouro da memória, à pluralidade das tradições e raízes que, através das gerações, alicerçaram uma identidade e um quadro de valores onde nos reconhecemos. E desafia-nos a não fechar o património cultural no passado. Sinto-me muito honrado por esta atribuição, que ainda mais me responsabiliza. Certamente esta distinção será vivida com alegria pela Biblioteca e o Arquivo Apostólicos do Vaticano, onde trabalho, e que constituem um extraordinário exemplo do património cultural que a Europa construiu e constrói”, afirmou.
D. José Tolentino Mendonça recorda Helena Vaz da Silva como uma “grande portuguesa e europeia”, e afirmou o seu legado como uma “preciosa inspiração”.
O Prémio Europeu Helena Vaz da Silva para a Divulgação do Património Cultural foi instituído em 2013 pelo CNC em cooperação com a Europa Nostra, a principal organização europeia de defesa do património representada em Portugal pelo CNC, e com o Clube Português de Imprensa.
O júri que atribuiu o prémio é composto pela presidente do CNC, Maria Calado, Francisco Pinto Balsemão, presidente do Conselho de Administração do Grupo Impresa, Guilherme d’Oliveira Martins, Fundação Calouste Gulbenkian e ainda Irina Subotić, Vice-Presidente da Europa Nostra, João David Nunes, membro da Direção do Clube Português de Imprensa, Marianne Roald Ytterdal, membro do Júri dos Prémios Europa Nostra, categoria Serviço Dedicado e Piet Jaspaert, Vice-Presidente da Europa Nostra.
A justificação do prémio apresenta a “capacidade” de D. José Tolentino Mendonça unir “beleza e poesia” e apresentá-las como “parte do património cultural intangível da Europa e do mundo”, indicando ainda a necessidade de “a Europa e o mundo” de hoje “ouvirem vozes desafiadoras dos principais intelectuais e artistas europeus”.
“Queremos homenagear a sua arte de comunicar não apenas através da sua notável poesia, mas também dos seus artigos de opinião publicados na imprensa portuguesa e italiana. Também destacamos a sua forte convicção de que a Igreja não é apenas uma guardiã de seu longo passado, mas que deve estabelecer um diálogo aberto e construir pontes com o mundo da cultura, da arte e do pensamento contemporâneos”, assinalam.
O júri afirma a necessidade de “esforços coletivos para construir uma sociedade mais justa e mais inclusiva, para a Europa e para todo o planeta”.
D. José Tolentino Mendonça, sacerdote, natural da diocese do Funchal, poeta, teológo e professor universitário, foi nomeado a 26 de junho de 2018, pelo Papa Francisco como Bibliotecário e Arquivista da Biblioteca e Arquivo Apostólicos da Santa Sé pelo Papa Francisco; a 5 de outubro de 2019 foi criado cardeal.
A cerimónia de atribuição do prémio terá lugar no Outono, em data a anunciar, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.
O Prémio Europeu Helena Vaz da Silva distinguiu em anos anteriores o escritor italiano Claudio Magris, em 2013; ao escritor turco e Prémio Nobel da Literatura Orhan Pamuk, em 2014; ao músico catalão Jordi Savall, em 2015; ao cartoonista francês Jean Plantureux, e o ensaísta português Eduardo Lourenço, ex aequoI, na edição de 2016; o cineasta Wim Wenders, em 2017; a historiadora inglesa Bettany Hughes, em 2018 e a física de partículas italiana Fabiola Gianotti, em 2019.
LS