Cultura: Bispo do Porto diz que «Auto da Alma», de Gil Vicente, continua atual cinco séculos depois da estreia

D. Manuel Clemente assiste hoje à estreia da encenação de Nuno Carinhas no Teatro Nacional São João

Porto, 09 mar 2012 (Ecclesia) – O bispo do Porto elogiou a “coragem” do Teatro Nacional São João em retomar a partir de hoje o “Auto da Alma”, obra de Gil Vicente que para D. Manuel Clemente se mantém atual.

Em 1518, ano em que a peça foi estreada, Portugal “andava já em quatro continentes”, e desde então houve avanços e retrocessos “mais ou menos conseguidos”, escreveu o vice-presidente da Conferência Episcopal Portuguesa no manual de leitura de ‘Alma’, que o teatro portuense leva ao palco até 28 de abril.

O “progresso científico e as suas não menos utilíssimas aplicações técnicas” trouxeram “a deriva tecnológica da ciência e a ética resumida ao poder fazer”, enquanto que a “multiplicação das artes e a sondagem de humanidades mais recônditas” promoveram “os perigos da redução de uns e outros, pela maquilhagem das modas ou por mil devaneios virtuais”, apontou.

“A atualidade de tudo isto é por demais flagrante”, sublinhou o vice-presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, acrescentando que “é de louvar e muito louvar a coragem de retomar” o texto do “Mestre Gil” que Nuno Carinhas encena para nove atores.

A Diocese do Porto informou que D. Manuel Clemente vai estar presente hoje à noite na primeira apresentação de um texto criado entre a composição da “Barca do Inferno” e da “Barca do Purgatório”.

“Ao contrário” daqueles autos, ‘Alma’ não situa a ação após a morte “mas recria a ancestral metáfora da vida como peregrinação – um caminho de provação, mudança, descoberta”, refere o Teatro São João.

RJM

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top