Painel com a ministra Assunção Cristas e os físicos Henrique Leitão e José Rivas abordou «sentido do universo»
Braga, 17 nov 2012 (Ecclesia) – A ministra Assunção Cristas e os físicos Henrique Leitão e José Rivas debateram hoje em Braga a relação entre ciência e fé, a partir das questões sobre o universo, apresentando o desafio da “contemplação”.
“A capacidade de contemplarmos, de nos admirarmos e de nos deslumbrarmos com o mundo, é a forma de vivermos e experimentarmos hoje Deus na nossa vida quotidiana”, disse a governante durante um painel dedicado ao tema ‘Valor da vida e o sentido do universo’, na Aula Magna da Faculdade de Filosofia em Braga.
Henrique Leitão, investigador do Centro Interuniversitário de História da Ciência e da Tecnologia, na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, aludiu à “enorme dívida” que a ciência tem para com o Cristianismo.
Segundo o especialista, “nenhuma força promoveu mais culturalmente a ideia de uma natureza que permite que se faça ciência do que o Cristianismo”, por apresentar no seu ensinamento a imagem de um mundo bom e inteligível.
“O mundo concebido como irracional, como caótico, não permite a ciência”, observou, antes de falar numa “misteriosíssima comensurabilidade entre a mente e as coisas”.
Assunção Cristas sublinhou, por sua vez, que as experiências diárias “com os outros, as coisas, a beleza do mundo” mostram “em cada momento uma presença de Deus”, dinâmica que se estende ao mundo interior de capaz.
A ministra da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território acrescentou que esse encontro “quotidiano” no “espaço da beleza” e da liberdade convoca à “capacidade de contemplação”, a um “sentido do espaço, do encontro, que implica olhar para cada momento como algo que nos permite ver além”.
As intervenções inserem-se num conjunto de painéis sobre ‘estilo de vida e salvaguarda do universo’, em Braga, no final do Átrio dos Gentios, iniciativa do Conselho Pontifício da Cultura para o diálogo entre crentes e não crentes que se iniciou sexta-feira em Guimarães.
Henrique Leitão destacou, neste contexto, que o Cristianismo permitiu que o discurso culto sobre ciência passasse a ser “partilhado por toda a gente”.
O físico galego José Rivas, diretor-geral do International Iberian Nanotechnology Laboratory (INL), destacou a ideia de realidade como “unitária”.
“Hoje não sabemos tudo, mas sabemos que tudo está ligado”, explicou, elogiando as pessoas que, na investigação sobre o universo, mantêm “a capacidade de admiração”.
O ‘Átrio dos Gentios’ vai concluir-se pelas 21h30, na Catedral de Braga, com a apresentação da ‘Missa Brevis’ de João Gil, que também a interpreta integrado no grupo ‘Cantate’.
OC