Espólio pessoal de Francisco Noronha de Andrade está disponível para visita no Centro de Conhecimento Luiza Andaluz, em Lisboa
Lisboa, 22 nov 2024 (Ecclesia) – Francisco Noronha de Andrade colecionou durante quase 50 anos objetivos que ilustram a sua vida de peregrino, servita e devoto de Nossa Senhora de Fátima, que estão patentes em exposição, no Centro de Conhecimento Luiza Andaluz, em Lisboa.
“Só quero mostrar Nossa Senhora às pessoas. Há aqui objetos muito bonitos e que me são muito caros, um deles é um terço que me foi dado pela irmã Lúcia, com quem estive muitas vez. Eu e a minha mulher fomos servitas em Fátima e aqui está o resultados de anos de dedicação”, recorda à Agência ECCLESIA.
Maria Van Zeller, a mais velha de quatro filhas do casal, e responsável pela exposição, recorda ter crescido com todo o espólio do pai em casa e que a mostra quer partilhar “a devoção e o amor a Nossa Senhora”.
“Sempre foi muito natural a presença de Nossa Senhora na nossa vida. Eu diria que até mais do que falada ou do que transmitida, foi vivida. O pai e a mãe sempre foram para Fátima como servitas, trabalhavam voluntariamente. Isso ajudou-nos a crescer. Eu sei que o pai tem uma devoção muito grande também utilizando objetos, mas há muito desprendimento ao mesmo tempo e eu só posso agradecer por ter crescido neste ambiente”, explica à Agência ECCLESIA.
A exposição traduz um “sonho muito antigo” de Francisco Noronha de Andrade de mostrar “a história de Fátima” não só para peregrinos mas para “turistas”.
“Neste espaço juntamos duas vidas: da Madre Andaluz, fundadora das servas de Nossa Senhora de Fátima e também o pai, sendo paroquiano aqui em São Mamede, fazia muito sentido pela sua ligação às Servas e a Fátima, fazermos neste espaço”, reconhece Maria Van Zeller.
Os muitos objetos, terços, revistas, livros, medalhas, imagens diversas, quadros e demais representações, contam a história de uma devoção pessoal mas também a “devoção de um povo”.
“Os objetos são uma forma de chegar a Nossa Senhora mas também contam a história de devoção de um povo de Portugal que através de diferentes e múltiplas expressões de fé, diferentes gostos, diferentes sensibilidades se quisera, aproximar da Mãe de Jesus através de algo palpável, um terço ou uma imagem pode-nos levar realmente a um momento de oração. E por isso estes objetos em conjunto ajudam-nos também a querer conhecer essa história”, explica a responsável pela exposição.
O Centro de Conhecimento Luiza Andaluz acolhe a exposição, unindo a história da congregação a um diálogo que querem fazer com a cidade.
“Está relacionado com o nosso nome com a nossa história, e isto não é só coincidência. Esta inserção e ter as portas abertas, propondo este diálogo através do que somos, da nossa forma de estar, da nossa forma de sermos irmãs num mundo contemporâneo de hoje. Queremos colocar aquilo que é belo e aquilo que temos de bom ao serviço dos outros e partilhar com os outros. E assim acolhemos a exposição do Francisco”, explica a irmã Mafalda Leitão, coordenadora do espaço.
A religiosa indica que a mostra elucida a devoção de uma família mas também mostra “antropologicamente” como o povo português se ia relacionado com Nossa Senhora e, nas suas peregrinações, procurava adquirir sempre algo relacionado com a sua devoção.
“Há objetos que terão menos beleza mas que adquirem um valor antropológico e social que me toca muito. Objetos simples, muito baratos, de fácil aquisição porque as pessoas chegam a Fátima e querem levar alguma coisa para partilhar com os outros, e então tinham de ser objetos muito baratos para levar à Tia Maria, leva ao Sr. João, à vizinha Ana. Saber esta historias alterou a forma como olho para eles”, reconhece a religiosa.
A exposição encerra ao público este sábado com a celebração de uma eucaristia, às 16h, presidida pelo padre Ricardo Figueiredo, do Patriarcado de Lisboa.
LS