Cuidados Continuados precisam de investimento

Misericórdias sublinham a importância estratégica do projeto para atender as necessidades de uma população envelhecida

Lisboa, 30 jan 2014 (Ecclesia) – O presidente da União das Misericórdias Portuguesas (UMP) disse hoje que a Rede Nacional de Cuidados Continuados continua aquém do necessário, num dos países da União Europeia que menos investe neste setor.

Em entrevista concedida à Agência ECCLESIA, Manuel Lemos salienta que “mesmo que entrem em funcionamento todas as unidades de cuidados continuados que estão em construção, o número total de camas não vai ultrapassar as 9 mil, o que é muito pouco para as carências detetadas”.

Um estudo recentemente divulgado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico colocou Portugal na cauda da Europa, no que diz respeito a investimentos nesta área.

Segundo o documento, entre os 26 países da União Europeia, Portugal só fica à frente da Grécia.

Manuel Lemos realça que as instituições sociais “percebem as dificuldades do Governo, que fez um esforço para ir abrindo as unidades”, mas considera que é preciso responder às solicitações com mais celeridade.

Outro relatório, publicado pela Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados, apontou para a existência de mais de 1500 pessoas em lista de espera, em junho de 2013, mais do dobro relativamente a dezembro de 2012.

O presidente da UMP recorda a importância de responder a um dos grandes desafios da sociedade portuguesa, o crescente envelhecimento da população.

Outra questão diz respeito ao aumento do número de casos de pessoas com demência: atualmente em Portugal são conhecidos pelo menos 140 mil casos de pessoas com demência, 90 mil dos quais afetados pela doença de Alzheimer.

Para responder a este “problema gravíssimo”, a UMP inaugurou em dezembro último, em Fátima, uma unidade especializada neste tipo de casos, onde irá também dar formação.

“Em boa hora o fizemos porque infelizmente tem estado a ter uma procura incrível”, adianta Manuel Lemos.

Neste momento, de acordo com aquele responsável, uma parte significativa dos idosos “estão em lares onde não deveriam estar, porque essas instituições não foram concebidas nem construídas para isso, nem têm pessoal adequando para tomar conta deles”.

Outros, porque não têm para onde ir ou não tem condições económicas para suportar as despesas de um lar, estão em casa, a ser acompanhadas por familiares.

“Se as pessoas têm de ficar em casa para tomarem conta dos idosos não conseguem trabalhar e não conseguem ter competitividade, há aqui um ciclo vicioso que é preciso quebrar”, aponta Manuel Lemos.

Uma das medidas essenciais para responder ao atual quadro de necessidades está relacionada com a concretização da reforma do Estado Social, que caiu num impasse.

De acordo com o presidente da UMP, esta reforma “pode ser adiada, feita de uma forma ou de outra mas é absolutamente necessária, não há como fugir a ela”.

JCP

 

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