Cardeal Tarcisio Bertone rejeita instrumentalização política da viagem à ilha ou ao México
Lisboa, 23 mar 2012 (Ecclesia) – O secretário de Estado do Vaticano considera que a visita de Bento XVI a Cuba, que se inicia esta segunda-feira, vai ajudar no processo “rumo à democracia” e abrir novos espaços à Igreja Católica.
O cardeal Tarcisio Bertone disse ao jornal italiano ‘La Stampa’ que o governo e a população cubana “farão o máximo esforço para receber o Papa e para lhe manifestar a estima e a confiança que merece o chefe da Igreja Católica”.
“Não acredito que a visita do Papa seja instrumentalizada”, afirmou o cardeal, antecipando a segunda viagem papal a Cuba, depois da passagem de João Paulo II em 1998.
Após 14 anos, assinala o cardeal Bertone, a situação “conheceu progressos rumo à liberdade religiosa” e houve um reforço do “diálogo e cooperação” entre Igreja e Estado, mas permanecem problemas nas “escolas e instituições eclesiásticas”.
Bento XVI partiu hoje para a sua segunda viagem à América Latina (a primeira foi ao Brasil, em 2007), que começa no México.
D. José Guadalupe Martín Rábago, arcebispo de León, diocese que acolhe o Papa, disse ao jornal do Vaticano que o país espera “uma injeção de esperança para um futuro sem violência”.
No México, são feitas críticas à data escolhida, num ano de eleições presidenciais, e à ausência de um encontro com as vítimas de abusos sexuais, em particular os casos ligados ao fundador dos Legionários de Cristo, Marcial Maciel, embora encontros do género, em viagens anteriores, tenham sempre ocorrido fora do programa oficial noticiado pela Santa Sé.
D. Tarcisio Bertone afirmou à Rádio Vaticano que a primeira missão da Igreja” é “educar as consciências”, algo que não tem um “caráter puramente político, mas pesa sobre a política”.
O número dois do Vaticano disse que o Papa leva consigo mensagens em defesa da família, da vida e dos valores “não negociáveis”.
“A família, como união entre homem e mulher, o matrimónio como união entre homem segundo o projeto primordial do Criador é um projeto de validade natural e, por isso, universal, tutelado pelas grandes religiões do mundo”, assinalou.
O secretário de Estado falou também da “tutela da vida”, o “não matar nem sequer no seio materno”.
O cardeal Bertone destacou ainda a evolução positiva das relações diplomáticas entre a Santa Sé e o México, no 20.º aniversário do seu restabelecimento, e a discussão de uma lei sobre a liberdade religiosa neste país, falando num “direito basilar, fundamental”.
O Parlamento mexicano debate a reforma de dois artigos da Constituição relativos a esta matéria, que passa pela inclusão do adjetivo ‘laica’ na definição da República.
OC