Cuba: Papa recomenda «pobreza e misericórdia» aos padres e religiosos

Francisco sublinha importância do trabalho junto dos mais desfavorecidos

Havana, 20 set 2015 (Ecclesia) – O Papa disse hoje em Havana que Deus quer uma Igreja “pobre”, convidando os padre e religiosos de Cuba a viver na “pobreza e misericórdia, porque aí está Jesus”.

“Amem a pobreza como uma mãe”, recomendou, numa intervenção improvisada durante a celebração de Vésperas, com membros do clero, institutos religiosos e leigos cubanos, Catedral da Imaculada Conceição e São Cristóvão.

No início do encontro de oração, o cardeal Jaime Ortega, arcebispo de Havana, falou de uma “Igreja pobre” e, simbolicamente, um grupo de pobres ajudados pela comunidade católica de Santo Egídio estava à porta da Sé, para receber o Papa.

Francisco deixou depois de lado a homilia que tinha preparado e apresentou uma reflexão sobre a palavra “pobreza”, que apresentou como “muito incómoda” por ir contra a corrente “cultural” do mundo contemporâneo.

“O espírito mundano não a conhece, não a quer, esconde-a, não por pudor, mas por desprezo”, advertiu.

O Papa recordou que, nos Evangelhos, o seguimento de Jesus implica “deixar tudo” e brincou com o que chamou de “ecónomos desastrosos”, apresentando-os como uma “bênção de Deus” para a Igreja, porque a fazem pobre e “livre”.

Francisco comentou depois o testemunho de uma jovem religiosa que trabalha junto de pessoas com deficiência.

“Quando alguém procura, na preferência interior, o mais pequeno, o mais abandonado, o mais doente, aquele que ninguém tem em conta, que ninguém quer”, está a “servir Jesus de forma superlativa”, defendeu.

Neste sentido, criticou a prática dos abortos seletivos e elogiou os religiosos e religiosas que “queimam” a sua vida ao serviço dos que o mundo “descarta”.

Em particular, o Papa sublinhou o valor do trabalho em favor das pessoas com deficiência, dos que muitos consideram “inúteis”, com os quais não se pode “fazer dinheiro”.

“Obrigado a todos os consagrados e consagradas que fazem isto”, disse.

A intervenção dirigiu-se depois aos padres, em especial à sua missão nos “confessionários”, perante a “miséria” de homens e mulheres, pedindo-lhes que “não se cansem de perdoar”.

“Por favor, não os castigues. Quem não tiver pecado, que atire a primeira pedra, mas somente nessa condição”, apelou.

O pontífice argentino citou Santo Ambrósio e disse que “onde há misericórdia, está o espírito de Jesus; onde há rigidez, estão apenas os seus ministros”.

A intervenção escrita por Francisco referia, por sua vez, as “discussões” na Igreja são “necessárias” para a sua vida.

O texto recordava os “sacrifícios” que os religiosos cubanos têm feito, realçando que “para alguns, os sacrifícios têm sido duros há décadas”.

No caminho para a Catedral, Francisco fez uma paragem na igreja do Coração de Jesus, sede dos jesuítas em Havana e centro de formação para população carenciada.

OC

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Agência ECCLESIA

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