Cuba: Igreja Católica é referência para crentes e não-crentes

Considera o diretor da Casa Sacerdotal São João Maria Vianney

Havana, 18 set 2015 (Ecclesia) – O diretor da Casa Sacerdotal São João Maria Vianney, o padre José Miguel Martín, comentou a realidade de uma Igreja em Cuba “minoritária e empobrecida” mas “significativa” pelo “respeito” da sociedade que deposita “esperança” na visita do Papa.

“Diria com muita esperança porque para nós o Papa vem como missionário da Misericórdia. O povo cubano em geral, todos esperamos que possa dar-nos uma palavra de esperança, de alegria, neste momento em que Cuba está a abrir-se um pouco mais ao mundo”, disse o sacerdote à Rádio Vaticano.

Segundo o diretor da Casa Sacerdotal São João Maria Vianney, o povo ainda vive na “mesma situação”, ainda não se veem “muitas mudanças” no quotidiano mas esperam que no futuro o retomar de relações diplomáticas com os Estados Unidos da América (EUA) “possam melhorar a vida diária do povo”.

“Há muitas dificuldades e a vida aqui, de certo modo, é difícil para todos”, observou, acrescentando que a esperança é “sempre por um futuro melhor”, que não exista “necessidade de deixar a própria pátria”.

Neste contexto, o padre José Miguel Martín revela que a Igreja católica também “sofre” com a emigração de “tantas pessoas boas e preparadas” que escolhem partir para os EUA, a Espanha, a Itália.

Assim, a primeira esperança é de mais trabalho, uma situação económica melhor e “mais liberdade” para que “não seja mais necessário emigrar”.

Depois a nível espiritual, o sacerdote confessa “outras esperanças”: “Que as pessoas possam pensar sozinhas, agir livremente sem uma forma de tutela por parte dos governantes.”

A primeira visita pastoral de Francisco à ilha no Caribe começa este sábado, dia 19, e termina a 22 de setembro.

Do programa destacam-se as Eucaristias nas praças “José Martí” e “Calixto García”, em Havana e Holguín, respetivamente, no domingo e na segunda-feira.

Para além dos encontros com bispos, sacerdotes, religiosos, seminaristas e leigos, o Papa vai cumprimentar os jovens e as famílias cubanas e o porta-voz do Vaticano, o padre Federico Lombardi, disse em conferência de imprensa, esta terça-feira, que é “previsível” o encontro com o líder histórico de Cuba, Fidel Castro.

Segundo estatísticas divulgadas pelo Vaticano há mais de 6,7 milhões de católicos em Cuba, correspondendo a 60,5% da população total da ilha.

“A Igreja em Cuba é pobre, no número de sacerdotes, somos cerca de 300 para 11 dioceses e algumas delas têm só cinco, seis ou sete sacerdotes. É uma Igreja muito minoritária e empobrecida porque também perdeu muitos leigos bem preparados”, analisa o o diretor da Casa Sacerdotal São João Maria Vianney.

Contudo, o entrevistado destaca que a sociedade cubana em geral tem um “grande respeito” pela Igreja católica, bispos e sacerdotes: “Somos sempre uma referência para muitas pessoas, mesmo para aquelas que não vão à igreja e, até mesmo, para alguns que não creem.”

Por isso, o padre José Miguel Martín acredita que a Igreja tem uma “tarefa essencial” no presente e no futuro de Cuba, algo que foi “evidenciado” na participação de Francisco nas negociações do reatar relações enrte Cuba e os EUA, para além do “trabalho quotidiano” dos pastores locais diariamente.

Também o jornal ‘Granma’, órgão oficial do Partido Comunista Cubano, assinalou que durante a visita o Papa ai poder “confirmar o bom estado das relações” entre o governo cubano e a Santa Sé, que este ano celebraram o “80.º aniversário de laços sem interrupção”.

RV/CB

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Agência ECCLESIA

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