Presidente da Conferência Episcopal diz que ocupação de igrejas é contrária à tradição do país
Santiago de Cuba, Cuba, 15 mar 2012 (Ecclesia) – O presidente da Conferência Episcopal Cubana manifestou-se hoje contra o aproveitamento político da viagem de Bento XVI ao país, entre os próximos dias 26 e 28, condenando a ocupação de igrejas católicas por parte de grupos de dissidentes.
“Esta é uma atitude alheia à nossa tradição”, disse à Agência ECCLESIA D. Dionisio Garcia, arcebispo de Santiago de Cuba, a primeira cidade que vai ser visitada pelo Papa.
Treze manifestantes, membros do Partido Republicano de Cuba (PRC) – considerado ilegal pelo governo –, ocupam desde terça-feira a basílica de Nossa Senhora da Caridade, no centro de Havana, recusando-se a abandonar o local.
“Nós não entendemos, de facto: se têm o direito a protestar, que o façam, mas não dificultem o culto de pessoas que vão ao templo com outras intenções”, assinala o presidente da Conferência Episcopal.
Para este responsável, à Igreja Católica compete “pregar o Evangelho e estar presente junto do povo”.
“É verdade que há situações que se tornam mais críticas, delicadas, mas a vida é assim mesmo, não só para os bispos”, acrescenta.
Segundo os responsáveis da Arquidiocese de Havana, atos similares aconteceram noutras igrejas, embora os manifestantes tenham acabado por sair das mesmas.
Os dissidentes afirmaram ter uma mensagem para Bento XVI e um conjunto de “reivindicações sociais” e políticas.
D. Dionisio Garcia refere que, ao nível da relação pessoal, a fé de cada um é respeitada e que, desde a visita de João Paulo II, em 1998, as relações entre Igreja e Estado melhoraram.
“Neste momento a situação é de maior comunicabilidade”, sublinha, destacando a “proximidade” criada e a presença da Igreja em situações da “vida nacional” que não seriam imagináveis há 14 anos.
Quanto às expectativas relativamente à viagem de Bento XVI, o presidente do episcopado cubano diz esperar uma “palavra de esperança” e de estímulo para as “transformações necessárias” no país.
“Muitas coisas mudaram, o país sofreu transformações, neste momento estamos num processo de mudança, com toda a incerteza que isso traz”, sublinha o arcebispo.
OC