Presidente da Conferência Episcopal espera que o Papa traga «palavra de esperança» a um povo na expectativa
Santiago de Cuba, Cuba, 26 mar 2012 (Ecclesia) – O presidente da Conferência de Bispos Católicos de Cuba (COCC), manifestou confiança na visita que Bento XVI vai realizar ao país, entre hoje e quarta-feira, afirmando que espera “uma palavra de esperança”.
“O povo cubano precisa de uma palavra de esperança e estou certo de que o Papa a vai deixar. Também vai deixar uma palavra para que não tenhamos medo de acolher Deus e realizar as transformações necessárias para que o povo tenha uma vida mais digna, melhor”, afirma D. Dionisio Garcia, em entrevista à Agência ECCLESIA.
O arcebispo de Santiago de Cuba assinala que a sociedade cubana vive um tempo de mudança, “com toda a incerteza que trazem as mudanças, com toda a diferença de opiniões que existe na população sobre a natureza e o alcance das mudanças”.
A segunda visita papal na história de Cuba acontece 14 anos depois da viagem de João Paulo II à ilha, em janeiro de 1998, com diferenças visíveis, que vão para além da saída de Fidel Castro e a subida ao poder do seu irmão Raúl, em 2008.
“Há expectativa e, ao mesmo tempo, também muita desesperança: não se vê um projeto futuro concreto, embora haja promessas de que as mudanças vão continuar”, indica o presidente da COCC.
O arcebispo da primeira cidade a ser visitada por Bento XVI deseja que a passagem do Papa alemão possa servir para melhorar papel da Igreja na sociedade e “não só da Igreja mas também de outros grupos sociais”, deixando, no entanto, críticas a quem procura “beneficiar politicamente” com este acontecimento.
A viagem, anunciada pelo próprio Papa em dezembro de 2011, no Vaticano, acontece com pouco tempo de preparação, mas segundo o presidente do COCC “todos foram tomando consciência do significado da visita” e os preparativos da iniciativa serviram para promover “uma relação mais próxima” entre Igreja e Estado.
“Esta comunicação permitiu que a Igreja se torne presente em situações da vida nacional nas quais antigamente seria impossível pensar”, observa D. Dionisio Garcia.
Este responsável diz que houve um “ateísmo estatalmente induzido, um ateísmo oficial”, mas paulatinamente foi-se passando para “uma maior compreensão, uma maior tolerância”.
“Foi neste tempo em que tivemos limitações para a pastoral que a Igreja chegou mais aos campos, aos locais afastados”, acrescenta, recordando a peregrinação da Virgem peregrina que antecipou o atual ano jubilar pelos 400 anos da descoberta da imagem de Nossa Senhora da Caridade.
Bento XVI vai presidir a uma missa na Praça Antonio Maceo, de Santiago de Cuba, por ocasião dos 400 anos da descoberta da imagem da Virgem da Caridade, “padroeira de todos os cubanos, onde quer que estejam”, como refere o presidente do COCC, recordando os concidadãos que vivem noutros países.
Na celebração, uma estudante angolana vai receber a comunhão das mãos do Papa.
OC