Cuba: Bento XVI condena embargo económico e pede respeito pelas «liberdades fundamentais»

Papa despediu-se da ilha após visita de três dias, desejando que a mesma seja «casa de todos e para todos os cubanos»

Havana, 28 mar 2012 (Ecclesia) – Bento XVI condenou hoje o embargo norte-americano há Cuba, que se mantém há 50 anos, e pediu ao regime de Havana que promova o respeito pelas “liberdades fundamentais”, ao despedir-se da ilha.

“A hora atual exige de modo urgente que se eliminem na convivência humana, nacional e internacional, posições inamovíveis e perspetivas unilaterais”, afirmou o Papa numa sala do aeroporto internacional da capital cubana.

Neste sentido, observou que “medidas económicas restritivas impostas de fora ao País pesam negativamente sobre a população” e agravam a pobreza.

“O respeito e a promoção da liberdade que vive no coração de cada homem são imprescindíveis para responder adequadamente às exigências fundamentais da sua dignidade”, disse, na cerimónia de despedida de Cuba, após uma visita de três dias, perante o presidente Raúl Castro.

Depois de apelar a “uma sociedade de largos horizontes, renovada e reconciliada”, Bento XVI deixou votos de que “ninguém se veja impedido de tomar parte nesta tarefa apaixonante pela limitação das suas liberdades fundamentais”, nem eximido dela “por negligência ou carência de recursos materiais”.

O Papa desejou, por isso, que todos os cubanos “tenham a força necessária para construir uma sociedade solidária, onde ninguém se sinta excluído”.

Milhares de pessoas acompanharam, debaixo de chuva, o percurso do papamóvel entre a Nunciatura Apostólica (embaixada da Santa Sé) e o aeroporto, onde Raúl Castro destacou a importância dos “valores espirituais”.

O presidente deixou “profunda gratidão e apreço” ao Papa pelos seus “afetuosos sentimentos em relação aos cubanos”.

A cerimónia iniciou-se com meia hora de atraso, por causa do mau tempo, que interferiu também com a transmissão televisiva do evento.

O Papa agradeceu a “cordial hospitalidade” dos cubanos e pediu abertura da sociedade à mensagem católica, que apresentou como “uma força vigorosa” que “abre o horizonte a perspetivas inusitadas e benéficas”.

“O caminho que Cristo propõe à humanidade – e a cada pessoa e povo, em particular – em nada a coacta, antes pelo contrário, é o fator primeiro e principal do seu verdadeiro desenvolvimento”, acrescentou.

Bento XVI evocou a sua passagem pelo Santuário da Virgem da Caridade, no 400.º aniversário da descoberta da imagem da padroeira da ilha, pedindo que “Cuba seja a casa de todos e para todos os cubanos, onde convivam a justiça e a liberdade, num clima de serena fraternidade”.

“Até sempre, Cuba, terra embelezada pela presença materna de Maria! Que Deus abençoe o teu futuro”, concluiu o Papa, que completa 85 anos em abril.

Esta foi a segunda viagem de Bento XVI à América Latina (a primeira tinha sido ao Brasil, em 2007) e incluiu uma passagem pelo México, entre sexta e segunda-feira, num percurso total de mais de 22 mil quilómetros, o equivalente a meia volta ao mundo.

O voo papal descolou cerca das 17h35 de Havana (23h30 em Lisboa) e vai chegar a Roma às 10h15 de quinta-feira (menos uma em Lisboa).

Ao deixar território cubano, Bento XVI enviou um telegrama a Raúl Castro, agradecendo as “mostras de afeto” da população

“Asseguro a todos os cubanos uma constante lembrança, na oração, e peço a Deus que alente e sustente com a sua força, para que vejam cumpridas as suas justas aspirações e mais nobres anseios”, acrescenta a mensagem.

OC

Notícia atualizada às 23h50

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