Critério da grandeza de Deus não é o domínio, mas o serviço, diz Bento XVI

Papa criou 24 novos cardeais em cerimónia carregada de simbolismo

“O critério da grandeza e da primazia de Deus não é o domínio, mas o serviço”, disse Bento XVI, este sábado, durante a eucaristia celebrada na Basílica de São Pedro, no Vaticano, no âmbito do Consistório.

Na homilia do terceiro Consistório público ordinário do pontificado, no qual foram criados 24 cardeais, o Papa ressaltou que a partir de hoje os novos cardeais “começam a fazer parte daquele «coetus peculiaris», que presta ao Sucessor de Pedro uma colaboração mais imediata e assídua, ajudando-o no exercício de seu ministério universal”.

O Papa sublinhou que esta é uma “mensagem que vale para os apóstolos, vale para toda a Igreja, vale, sobretudo, para aqueles que possuem a tarefa de guiar o Povo de Deus. Não é a lógica do domínio, do poder segundo os critérios humanos, mas a lógica do inclinar-se para lavar os pés, a lógica do serviço, a lógica da Cruz que está na base de todo exercício da autoridade”.

As cerimónias, na Basílica de São Pedro, seguem o rito introduzido por João Paulo II a 28 de Junho de 1991.

Após a saudação litúrgica, Bento XVI leu a fórmula de criação e proclamou solenemente os nomes dos novos cardeais, para os unir com “um vínculo mais estreito à Sé de Pedro”, tornando-se membros do clero de Roma.

Em seguida, o cardeal Angelo Amato, primeiro do elenco, pronunciou um discurso de homenagem a Bento XVI, em nome de todos.

“O vínculo de especial comunhão e afecto, que une estes novos cardeais ao Papa, os torna singulares e preciosos cooperadores do supremo mandato confiado por Cristo a Pedro, de apascentar suas ovelhas, a fim de reunir os povos com a solicitude da caridade de Cristo. É exactamente deste amor que nasce a Igreja, chamada a viver e a caminhar segundo o mandamento do Senhor, no qual se resumem toda a Lei e os Profetas”, frisou Bento XVI na homilia.

O Papa sublinhou ainda que “a diaconia é a lei fundamental do discípulo e da comunidade cristã, e nos deixa entrever alguma coisa sobre a Senhoria de Deus. Jesus indica também o ponto de referência: o Filho do Homem, que veio para servir, sintetiza a sua missão na categoria de serviço, entendida não no sentido genérico, mas no concreto da Cruz, do dom total da vida como resgate, como redenção para muitos, e o indica como condição para a sequela”.

Depois da proclamação das leituras e da homilia papal, teve lugar a profissão de fé e o juramento dos novos cardeais, de fidelidade e obediência ao Papa e aos seus sucessores.

Cada um deles aproxima-se do Papa e ajoelha-se, então, para receber o barrete cardinalício, que Bento XVI impõe pronunciando a fórmula “vermelho como sinal da dignidade do cardinalato, significando que deveis estar prontos a comportar-vos com fortaleza, até à efusão do sangue, pelo aumento da fé cristã, pela paz e a tranquilidade do povo de Deus e pela liberdade e a difusão da Santa Igreja Romana”.

Nesta altura, o Papa atribuiu a cada cardeal uma igreja de Roma (título ou diaconia) – simbolizando a participação na solicitude pastoral do Papa na cidade – e a bula de criação cardinalícia. Um abraço de paz selou este momento.

O rito concluiu-se com a recitação do Pai-Nosso e a bênção final.

Árabe, latim, italiano, alemão, inglês, polaco e espanhol fizeram-se ouvir numa cerimónia em que se rezou pelos que “sofrem por causa da sua fé cristã”.

Domingo, 21 de Novembro, Bento XVI preside à Missa na Basílica de São Pedro, durante a qual entrega o anel cardinalício aos novos cardeais como “sinal de dignidade, solicitude pastoral e de mais robusta comunhão com a Sé de Pedro”.

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Agência ECCLESIA

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