Cristãos ridicularizados e parodiados, lamenta o Papa

Clima de entusiasmo no Hyde Park não fez Bento XVI esquecer dificuldades que os crentes sentem na sociedade actual

Bento XVI disse este Sábado em Londres que os cristãos dos nossos dias têm de estar prontos para serem “ridicularizados ou parodiados” por causa da sua fé, alertando para os perigos do “relativismo moral”.

O Papa falava a cerca de 80 mil pessoas reunidas no Hyde Park, em Londres, para uma vigília de oração, no dia 18 de Setembro.

Lembrando os muitos católicos que foram martirizados em Tyburn, nos arredores daquele local, nos séculos XVI e XVII, Bento XVI assinalou que hoje “o preço a pagar pela fidelidade ao Evangelho já não é ser enforcado, afogado ou esquartejado”.

Para o Papa, ser cristão na actualidade implica “muitas vezes ser posto de lado, ridicularizado ou parodiado”.

A vigília preparava a beatificação do Cardeal John Henry Newman (1801-1890), que acontece este Domingo, em Birminhgham, e Bento XVI aludiu por diversas vezes ao pensamento do futuro beato, uma das figuras mais importantes da Igreja no século XIX.

“Nos nossos dias, em que um relativismo moral e intelectual ameaça minar as próprias fundações da nossa sociedade, Newman recorda-nos que fomos criados para conhecer a verdade”, declarou.

John Henry Newman converteu-se do anglicanismo ao catolicismo aos 44 anos e foi criado Cardeal por Leão XIII em 1879.

Bento XVI sempre manifestou um interesse pessoal nesta causa de beatificação e é um apreciador da teologia do Cardeal Newman, como repetiu em Hyde Park.

“Como sabem, Newman é há muito uma importante influência na minha própria vida e pensamento, tal como tem sido para muitas pessoas”, observou.

O Papa falou em vários “aspectos relevantes” da vida e pensamento do Cardeal inglês que continuam válidos para “a vida da Igreja de hoje”.

“A vida de Newman ensina-nos que a paixão pela verdade, a honestidade intelectual e a conversão genuínas têm custos”, disse.

Nesse contexto, Bento XVI desafiou os católicos a transpor para a vida quotidiana as exigência da sua fé, num esforço de “transformação do mundo”.

“Ninguém que olhe realisticamente para o mundo de hoje pode pensar que os cristãos podem atrever-se a deixar tudo como antes («businesse as usual» no original), ignorando a profunda crise de fé que atingiu a nossa sociedade”, alertou.

Por isso, o Papa desafiou os jovens presentes – que interromperam a sua intervenção com várias salvas de palmas – a “não ter medo” de se “entregar totalmente a Jesus”.

“Queridos jovens amigos, só Jesus sabe o «serviço específico» que tem em mente para cada um”, referiu, antes de deixar um convite à participação da Jornada Mundial da Juventude de 2011, que vai ter lugar em 2011.

Apesar da agitação que precedeu o encontro, houve vários momentos de silêncio e oração, num ambiente marcado pelo efeito das velas empunhadas pelos presentes na noite londrina.

A saída do Papa foi assinalada com palmas, à medida que Bento XVI regressava à Nunciatura Apostólica, em Wimbledon, onde pernoita desde a passada Quinta-feira, 17 de Setembro, dia em que se iniciou a visita ao Reino Unido.

Octávio Carmo, Agência ECCLESIA, em Londres

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