A morte de Yasser Arafat gerou uma onda de preocupação nos cristãos que vivem em território palestiniano. A pequena minoria dos 50 mil cristãos, entre mais de de 3 milhões de muçulmanos, teme agora a discriminação das as estruturas políticas, administrativas e de polícia na região. De acordo com o jornalista Graziano Motta, correspondente da Rádio Vaticano na Terra Santa, “os cristãos ficaram expostos a pressões por parte de activistas islâmicos e foram forçados a pronunciar profissões de fidelidade à Intifada”. “Há, com frequência, casos nos quais os islâmicos expropriam os católicos de casas e terrenos, e actos de violência contra jovens”, indica. O Patriarca latino de Jerusalém, D. Michel Sabbah, que guiou a delegação da Santa Sé nos funerais de Arafat, era amigo pessoal do líder palestiniano que, em em certas ocasiões interveio em discussões entre cristãos e muçulmanos, “especialmente na região de Belém”, como recorda Graziano Motta. O problema que agora se levanta tem a ver com o que irão fazer os homens do aparelho palestiniano. “Arafat deixa aos cristãos e, em particular, aos católicos, uma herança ambígua e potencialmente negativa nas relações fundamentais com a entidade estatal”, revela o correspondente da Rádio Vaticano. D. Michel Sabbah disse à agência italiana Sir que “Arafat lutou pela independência e a liberdade do seu povo até obter de todo o mundo o reconhecimento de um Estado palestiniano”. Segundo o Patriarca, o mérito de Yasser Arafat foi o de ter compreendido “a dimensão universal da Palestina, por causa da presença de Lugares Santos do Cristianismo, Judaísmo e Islamismo”. Para o futuro, o responsável católico espera que se organizem eleições regulares, “para permitir a nomeação de um sucessor que leve por diante o projecto de um Estado palestiniano e que traga a paz à região”.
